O pastor bolsonarista Silas Malafaia voltou a atacar o presidente Lula nesta quarta-feira (2), durante evento em Salvador, após a exibição de uma placa com os dizeres “Taxação dos super-ricos”. Em vídeo publicado nas redes, Malafaia perdeu o controle e acusou Lula de “ter o Diabo como pai”, enquanto defendia — sem qualquer base factual — que a proposta atingiria os mais pobres.
A declaração, recheada de ataques religiosos e desinformação, ignorou que a medida derrubada pelo Congresso previa taxar apenas transações feitas no exterior com cartão de crédito e serviços de luxo, mantendo intactos os benefícios sociais e isenções para estudantes, agricultores e financiamentos populares.
“Isso é falácia. É marketing para enganar a sociedade”, gritou Malafaia, sem mencionar que igrejas como a sua continuam isentas de impostos, mesmo movimentando milhões.
O discurso se soma a uma campanha sistemática de setores ultraconservadores para deslegitimar propostas que tocam nos privilégios da elite econômica — grupo que o pastor, paradoxalmente, diz combater. Ao atacar a taxação dos super-ricos, Malafaia se alinha a interesses que se opõem a justiça tributária, ao invés de representar as camadas populares.
Não satisfeito com a distorção sobre o IOF, o pastor ainda compartilhou um vídeo manipulado por inteligência artificial que critica os supostos “gastos excessivos” de Janja, a primeira-dama, recorrendo à estética e narrativa típicas da extrema direita digital.
Impostos seletivos: quem Malafaia quer proteger?
Apesar de sua retórica em defesa dos “pobres”, Malafaia parece mais interessado em preservar o modelo atual, onde igrejas lucrativas, como a que ele lidera, não contribuem com impostos ao Estado. Enquanto acusa Lula de “atacar os pobres”, o pastor defende — com veemência — que os milionários sigam intocados pelo fisco.
O que a proposta realmente dizia
A proposta de reajuste do IOF previa:
- Taxação de compras internacionais com cartão de crédito.
- Inclusão de serviços de streaming e viagens de luxo no exterior.
- Isenções preservadas para financiamentos habitacionais, rurais e estudantis.
- Nenhuma elevação para contas de consumo interno ou transferências básicas.
Especialistas ouvidos pelo Diário Carioca reforçam que a medida visava justamente corrigir uma distorção fiscal: quem pode gastar em dólar, deve pagar proporcionalmente.
O Diário Carioca Esclarece
O que é IOF?
Imposto sobre Operações Financeiras. Incide sobre crédito, câmbio, seguros e títulos. Pode ser regulado por decreto.
Igrejas não pagam impostos?
Não. A Constituição isenta templos de todas as religiões de tributos, inclusive sobre patrimônio e renda.
A taxação dos super-ricos é nova?
Não. É uma pauta global, apoiada por organismos como a ONU e o FMI, para combater desigualdades e evasão fiscal.
FAQ — Entenda a polêmica
1. Malafaia tem razão ao dizer que a proposta atinge os pobres?
Não. A medida focava em transações de alto padrão feitas no exterior, não no consumo popular.
2. Igrejas como a de Malafaia pagam algum imposto?
Não. Têm imunidade tributária garantida por lei, inclusive sobre doações e dízimos.
3. Por que Lula defende a taxação dos super-ricos?
Para tornar o sistema tributário mais justo e financiar políticas sociais com contribuição proporcional dos mais ricos.