Brasília – Em depoimento à Polícia Federal (PF), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o dinheiro entregue em uma caixa de vinho pelo general Walter Braga Netto para financiar um plano contra autoridades foi obtido junto ao agronegócio.
As declarações foram decisivas para que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenasse a prisão do general neste sábado (14).
Segundo Mauro Cid, a reunião em que ocorreu a entrega do dinheiro aconteceu no Palácio do Planalto ou na Alvorada. O general Braga Netto teria informado que o recurso foi obtido por intermédio de figuras do agronegócio.
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Diálogos revelam plano de financiamento
Durante as investigações, a PF encontrou mensagens que mostram o envolvimento de outros militares no esquema. O major Rafael Martins de Oliveira, preso em fevereiro, discutiu com Mauro Cid a entrega de R$ 100 mil para financiar a ida de manifestantes a Brasília.
O valor, segundo as apurações, foi acertado em uma reunião na casa do general Braga Netto, no dia 12 de novembro. O objetivo era impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vencedor das eleições contra o então presidente Jair Bolsonaro.
Braga Netto é apontado como elo de financiamento
A PF destacou, em seu pedido ao STF, que Braga Netto atuava como o principal financiador do plano. A investigação também menciona obstrução de justiça por parte dos envolvidos.
Em um depoimento anterior, Mauro Cid omitiu informações sobre o financiamento. Contudo, em novo depoimento à PF no dia 21 de novembro, ele confirmou a participação do general Braga Netto.
PF cumpre mandados e encontra celulares
A operação da PF cumpriu mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva contra Braga Netto. Durante a ação, foram apreendidos dois celulares na residência do general.
Em nota, a PF explicou que a operação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.
Defesa de Braga Netto nega acusações
A defesa do general Braga Netto negou as acusações. Em comunicação anterior, os advogados afirmaram que não houve plano de golpe ou intenção de assassinar autoridades.
De acordo com a PF, outras provas apontam que Braga Netto buscou informações sobre a delação premiada de Mauro Cid através dos pais do ex-ajudante.
Documentos apreendidos revelam preocupação com delação
Na sede do Partido Liberal (PL), a PF encontrou um documento que continha “perguntas e respostas” sobre a delação de Mauro Cid. O material estava na mesa do coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto.
As perguntas sugerem que o grupo buscava detalhes sobre o conteúdo da delação. Em uma das respostas, Mauro Cid afirma que “nada foi delatado” porque ele “não participava das reuniões”.
Entenda o caso: plano contra autoridades e financiamento
- Origem do dinheiro: Segundo Mauro Cid, recursos vieram do agronegócio.
- Objetivo do plano: Impedir a posse de Lula e eliminar autoridades.
- Entrega do dinheiro: Braga Netto entregou o valor em caixa de vinho.
- Investigação da PF: Identificou Braga Netto como principal financiador.
- Mensagens: Mostram negociações de R$ 100 mil para financiar manifestações.
- Documentos: Encontrados na sede do PL, revelam preocupação com a delação