Brasília — 2 de agosto de 2025 — O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) reconheceu publicamente que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tramou um golpe de Estado após a derrota eleitoral de 2022.
A declaração ocorreu durante entrevista ao Flow Podcast, na qual o parlamentar também defendeu uma anistia ampla aos responsáveis pelos atos golpistas.
Nikolas reconhece tentativa de golpe e relativiza crimes
Durante a entrevista, Nikolas Ferreira usou um discurso contraditório ao admitir que Bolsonaro “tramou um golpe” e, ao mesmo tempo, criticar o que considera tratamento desproporcional aos envolvidos.
“O cara que deu um golpe que nem foi golpe. Ele tramou e vai tomar uma condenação de que eu acho que não vai ser menos do que 40 anos”, afirmou Nikolas.
O parlamentar defendeu uma anistia geral, comparando os atos golpistas com crimes ocorridos durante a ditadura militar:
“Não é possível que você tenha terroristas, gente que foi criminoso na época do regime militar, que saqueou banco e sequestrou embaixador, e que tenha anistia. E quem tramou um golpe não possa”, argumentou.
O posicionamento gerou repercussão imediata entre parlamentares e juristas. A fala foi interpretada como uma confissão política da existência da tentativa de golpe em curso após as eleições de 2022.
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Bolsonaro é réu por cinco crimes no STF
Atualmente, Jair Bolsonaro responde no Supremo Tribunal Federal (STF) por cinco acusações formais, relacionadas à tentativa de subverter o regime democrático:
Crime | Descrição |
---|---|
Organização criminosa armada | Formação de núcleo golpista com aliados militares e civis |
Tentativa de abolição do Estado Democrático | Incentivo à insurreição contra os Três Poderes |
Golpe de Estado | Conspiração ativa para derrubar o governo eleito |
Dano qualificado ao patrimônio da União | Prejuízo estimado em R$ 20 milhões |
Deterioração de patrimônio tombado | Danos às sedes do Congresso, STF e Planalto |
Segundo as investigações, mesmo estando nos Estados Unidos (EUA) durante os ataques de 8 de janeiro de 2023, Bolsonaro manteve contato com apoiadores, encorajou os acampamentos golpistas e reforçou discursos antidemocráticos que culminaram na depredação dos prédios públicos em Brasília.
Lei sancionada por Bolsonaro criminaliza golpe
A fala de Nikolas também contraria a legislação atual. Em 2021, o próprio Jair Bolsonaro sancionou a Lei 14.197/21, que revogou a antiga Lei de Segurança Nacional e passou a definir novos crimes contra o Estado Democrático de Direito.
A norma penaliza expressamente:
- Art. 359-L: Tentar abolir o Estado Democrático com violência ou grave ameaça — pena de 4 a 8 anos
- Art. 359-M: Tentar depor o governo legitimamente constituído por meio violento — pena de 4 a 12 anos
O texto foi originado a partir do PL 2462/91, de autoria do jurista Hélio Bicudo, e visa distinguir manifestações legítimas de ações golpistas.
Entenda a repercussão das declarações de Nikolas Ferreira sobre o golpe
Nikolas admitiu que Bolsonaro tentou dar um golpe?
Sim. Durante a entrevista ao Flow Podcast, Nikolas afirmou que o ex-presidente “tramou um golpe”, ainda que tenha relativizado o termo.
Qual é a contradição na fala do deputado?
Nikolas defende anistia para os envolvidos na tentativa de golpe, mesmo reconhecendo a gravidade dos atos — que estão tipificados na legislação como crimes contra o Estado.
Por que a fala teve grande repercussão?
Porque representa uma admissão pública por parte de um aliado próximo de Bolsonaro de que houve, de fato, uma conspiração golpista — o que enfraquece as alegações de inocência do ex-presidente.
A lei atual permite anistia para crimes como golpe de Estado?
Não. A Lei 14.197/21 estabelece que esses crimes são graves, com penas severas, e não prevê exceções para anistia automática.
O que dizem os juristas?
Especialistas afirmam que a fala pode ser usada como prova política do envolvimento de Bolsonaro, além de reforçar a legitimidade das ações do STF no julgamento dos acusados.
Risco jurídico e embate institucional em curso
A admissão pública de que houve uma tentativa de golpe de Estado por parte do entorno de Jair Bolsonaro reforça a linha de investigação do Supremo Tribunal Federal e deve ser usada politicamente por adversários. Ao mesmo tempo, a defesa de uma anistia ampla por figuras como Nikolas Ferreira indica o esforço da base bolsonarista em tentar reescrever a narrativa dos fatos.
Enquanto o julgamento de Bolsonaro se aproxima, declarações como essa devem ampliar o embate institucional entre os Três Poderes e reacender a disputa pela memória dos ataques de janeiro de 2023.