Brasília, 11 de agosto de 2025 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira que o Brasil deve manter-se soberano diante das investidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevou tarifas sobre produtos brasileiros e atacou o STF.
Em discurso no Palácio do Planalto, Lula classificou o momento internacional como “mais perverso” e alertou que o povo deve ser o único dono do destino nacional.
Escalada de tensão com os EUA
A decisão de Donald Trump de impor novas tarifas a mercadorias brasileiras foi recebida pelo governo como pressão política. Sem apresentar justificativa comercial plausível, o republicano condicionou a medida a críticas ao Judiciário brasileiro, acusando-o de “caça às bruxas” por processar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela tentativa de golpe de Estado.
No Planalto, a avaliação é que se trata de uma chantagem aberta — tentativa de interferir na soberania nacional e de proteger aliados da extrema direita internacional. Para Lula, o Brasil precisa responder com firmeza: “Precisamos de um país soberano, democrático, e que o povo brasileiro seja o único dono deste país”.
Educação como resistência democrática
Além de criticar a ofensiva norte-americana, Lula dedicou parte do discurso à educação — que, segundo ele, historicamente foi tratada com descaso pelas elites brasileiras. O presidente lembrou que a primeira universidade do país foi criada apenas em 1920, e não por compromisso com o desenvolvimento, mas para conceder um título ao rei da Bélgica.
Dados apresentados pelo ministro Camilo Santana indicam que um terço da população não concluiu o ensino fundamental. Para Lula, reverter esse cenário exige investimentos massivos: “Educação custa, porque precisa de infraestrutura, laboratórios, conhecimento científico e professores bem pagos”.
O governo fechou acordos com 100% dos governadores e 99% dos prefeitos para alfabetizar 80% das crianças até 2030. Entre as medidas, estão a ampliação das escolas de tempo integral, com música, arte e cultura, e programas como o Pé-de-Meia, que mantém jovens na escola.
Expansão e igualdade de oportunidades
Lula também destacou a expansão dos institutos federais, que passaram de 140 unidades construídas em um século para 785 ao fim de seu mandato. Sem diploma universitário, o presidente disse que sua própria trajetória prova a urgência de garantir igualdade real de oportunidades: “O país será igual quando o filho do trabalhador disputar vaga com o filho do patrão”.