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Para defender vassalos bolsonaristas e bandeirão dos EUA, Nikolas Ferreira usa nova fake news

Deputado tenta associar símbolo norte-americano a democracia e ataca esquerda com informação falsa

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Nikolas Ferreira defende bandeira dos EUA em ato bolsonarista com fake news

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) recorreu a uma declaração distorcida para justificar a presença de uma bandeira gigante dos Estados Unidos durante o ato bolsonarista de 7 de Setembro, na Avenida Paulista, em São Paulo. O parlamentar afirmou que “tudo tem limite”, mas amenizou o episódio ao dizer que se tratava “de um país democrático”.

Na tentativa de reforçar sua posição, Nikolas lançou mão de uma fake news: “É diferente da esquerda que usa bandeiras de grupos terroristas [Hamas]”. Na realidade, manifestações progressistas no Brasil utilizam frequentemente a bandeira da Palestina em protestos contra o genocídio em Gaza promovido por Israel. O estandarte palestino não representa o Hamas, mas sim a reivindicação nacional do povo palestino.

Reação interna e constrangimento no bolsonarismo

O uso da bandeira norte-americana surpreendeu até mesmo aliados de peso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato, anunciou que a presença do símbolo estrangeiro será proibida em futuras mobilizações. Nos bastidores, dirigentes e apoiadores da direita reconheceram que a cena gerou desgaste político, uma vez que transmite imagem de subordinação a interesses externos.

Apesar do mal-estar, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) saiu em defesa aberta da bandeira dos EUA. “Ditaduras são derrubadas de fora para dentro, porque tiranos censuram de dentro qualquer ferramenta”, declarou, reforçando a aproximação da família Bolsonaro com a política norte-americana e a influência de grupos conservadores internacionais.

Disputa simbólica e efeitos políticos

A presença do bandeirão estadunidense não se limitou a um gesto isolado. O episódio reforça a disputa simbólica em torno do bolsonarismo e revela como o movimento recorre a narrativas distorcidas para mobilizar sua base. A tentativa de Nikolas Ferreira de vincular a esquerda ao terrorismo se encaixa em uma estratégia recorrente de desinformação, que busca simplificar conflitos complexos e reforçar antagonismos ideológicos.

A repercussão interna demonstra que símbolos importados podem fragilizar a narrativa nacionalista cultivada pelo bolsonarismo. Ao mesmo tempo, a defesa da bandeira dos EUA por Eduardo Bolsonaro indica a continuidade de uma agenda política alinhada a interesses internacionais, especialmente em um momento de forte tensão geopolítica.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.