O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) recorreu a uma declaração distorcida para justificar a presença de uma bandeira gigante dos Estados Unidos durante o ato bolsonarista de 7 de Setembro, na Avenida Paulista, em São Paulo. O parlamentar afirmou que “tudo tem limite”, mas amenizou o episódio ao dizer que se tratava “de um país democrático”.
Na tentativa de reforçar sua posição, Nikolas lançou mão de uma fake news: “É diferente da esquerda que usa bandeiras de grupos terroristas [Hamas]”. Na realidade, manifestações progressistas no Brasil utilizam frequentemente a bandeira da Palestina em protestos contra o genocídio em Gaza promovido por Israel. O estandarte palestino não representa o Hamas, mas sim a reivindicação nacional do povo palestino.
Reação interna e constrangimento no bolsonarismo
O uso da bandeira norte-americana surpreendeu até mesmo aliados de peso do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato, anunciou que a presença do símbolo estrangeiro será proibida em futuras mobilizações. Nos bastidores, dirigentes e apoiadores da direita reconheceram que a cena gerou desgaste político, uma vez que transmite imagem de subordinação a interesses externos.
Apesar do mal-estar, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) saiu em defesa aberta da bandeira dos EUA. “Ditaduras são derrubadas de fora para dentro, porque tiranos censuram de dentro qualquer ferramenta”, declarou, reforçando a aproximação da família Bolsonaro com a política norte-americana e a influência de grupos conservadores internacionais.
Disputa simbólica e efeitos políticos
A presença do bandeirão estadunidense não se limitou a um gesto isolado. O episódio reforça a disputa simbólica em torno do bolsonarismo e revela como o movimento recorre a narrativas distorcidas para mobilizar sua base. A tentativa de Nikolas Ferreira de vincular a esquerda ao terrorismo se encaixa em uma estratégia recorrente de desinformação, que busca simplificar conflitos complexos e reforçar antagonismos ideológicos.
A repercussão interna demonstra que símbolos importados podem fragilizar a narrativa nacionalista cultivada pelo bolsonarismo. Ao mesmo tempo, a defesa da bandeira dos EUA por Eduardo Bolsonaro indica a continuidade de uma agenda política alinhada a interesses internacionais, especialmente em um momento de forte tensão geopolítica.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		