terça-feira, setembro 23, 2025
21.8 C
Rio de Janeiro
InícioPolíticaPEC da Blindagem deve travar no Senado
Não Passará

PEC da Blindagem deve travar no Senado

PEC da Blindagem (Proposta de Emenda à Constituição 3/2021), aprovada pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (17), enfrentará forte resistência no Senado Federal, onde líderes partidários e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)Otto Alencar (PSD-BA), já sinalizam sua rejeição ao texto.

Leia Também: Lula diz que PEC da Blindagem “não é coisa séria”

A proposta, que exige autorização prévia do Congresso para investigações contra parlamentares e estabelece voto secreto para decisões sobre prisões, foi classificada por senadores como “impunidade absoluta” e “retrocesso democrático” .

O cenário no Senado é de clima “zero” para a proposta, conforme avaliação de parlamentares de diferentes partidos. Mesmo senadores que inicialmente defendiam a PEC, como integrantes do PL, agora afirmam que não é possível apoiar o texto na forma aprovada pela Câmara, especialmente devido ao mecanismo de voto secreto para decisões sobre prisões e processos contra parlamentares .

Principais pontos de controvérsia da PEC da Blindagem

  1. Autorização congressional para processos: Exige aval prévio da Câmara ou do Senado para abertura de ações penais contra parlamentares .
  2. Voto secreto: Estabelece votação não nominal para decisões sobre prisões e processos (posteriormente derrubado para processos, mas mantido para prisões) .
  3. Ampliação do foro privilegiado: Estende o benefício a presidentes nacionais de partidos com representação no Congresso .
  4. Restrição a medidas cautelares: Determina que apenas o STF poderá decretar medidas cautelares contra parlamentares .

A posição do Senado: entre a rejeição e o engavetamento

Otto Alencar (PSD-BA), presidente da CCJ — comissão que analisará a proposta primeiro — já declarou publicamente que a PEC é “desrespeito com o eleitor” e deve ser “enterrada” no Senado . Alencar afirmou que duvida que a proposta consiga os 49 votos necessários para aprovação em plenário .

Outros senadores também se manifestaram contra:

  • Eduardo Braga (MDB-AM): Líder do MDB, classificou a proposta como “impunidade absoluta” e “imenso retrocesso” .
  • Eduardo Girão (Novo-CE): Criticou o voto secreto por “diminuir a responsabilidade do parlamentar” e ajudar “corrupção e negociatas” .
  • Sérgio Moro (União-PR): Considerou que o “remédio acabou sendo excessivo” .

Tensão entre Câmara e Senado

A aprovação da PEC na Câmara ocorreu em meio a um acordo político articulado pelo Centrão e pela oposição, mas foi vista por senadores como uma manobra surpresa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sem consulta adequada ao Senado . Aliados do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmaram que Motta agiu “sozinho” em um “movimento surpresa” .

A relação entre Alcolumbre e a oposição também está tensionada devido a atos de obstrução promovidos por bolsonaristas em agosto, que ocuparam plenários por quase dois dias em protesto contra a prisão de Jair Bolsonaro . Alcolumbre classificou essas ações como “alheias aos princípios democráticos” .

Reações no STF e questionamentos jurídicos

Supremo Tribunal Federal já foi acionado por deputados contra a PEC:

  • Kim Kataguiri (União-SP) ingressou com ação sob relatoria de Dias Toffoli .
  • Líderes do PT, PSOL e PSB protocolaram pedido de suspensão da tramitação .

Os parlamentares argumentam que a manobra regimental usada para aprovar a PEC — uma emenda aglutinativa para restaurar trechos rejeitados — fere a Constituição . O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha defendeu a legalidade do método, lembrando que usou instrumento similar em 2015 .

Perspectivas futuras: tramitação lenta e possível arquivamento

A PEC foi enviada para tramitar na CCJ do Senado antes de seguir para o plenário . Dada a oposição de Otto Alencar — que decide a pauta da comissão — e a resistência generalizada, a expectativa é que a proposta fique parada por um bom tempo na CCJ .

Caso avance, precisará de:

  1. Aprovação na CCJ (onde enfrenta forte oposição) ;
  2. 49 votos favoráveis em dois turnos no plenário (número considerado difícil de alcançar) .

A menos que haja mudanças significativas no texto, a PEC da Blindagem tende ao arquivamento no Senado, marcando mais um capítulo de tensão entre as duas casas legislativas.

Com informações do G1

Para continuar acompanhando as notícias e análises do Diário Carioca, siga nossas redes sociais: InstagramFacebook e X.

Parimatch Cassino online
Redacao
Redacaohttps://www.diariocarioca.com
Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

Relacionadas

Trump elogia Lula na ONU e fala em “química excelente”

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (23) ter se encontrado rapidamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a abertura da Assembleia...

Conselho de Ética pode pautar cassação de Eduardo Bolsonaro nesta terça

Deputado é acusado de atuar contra instituições brasileiras a partir dos EUA e já responde a denúncia da PGR

Hugo Motta veta Eduardo Bolsonaro como líder e deputado pode ser cassado

Presidente da Câmara rejeita indicação para liderança da minoria; filho de Bolsonaro acumula faltas e risco de perda de mandato

Alexandre de Moraes critica sanções dos EUA contra esposa: “Ilegal e lamentável”

Ministro do STF afirma que medida viola a soberania do Brasil e a independência do Judiciário

PGR denuncia Eduardo Bolsonaro por coação contra STF no caso das sanções dos EUA

Denúncia inclui uso de conexões nos EUA, ameaças a ministros e prejuízos econômicos ao Brasil

Mais Notícias

Assuntos:

Mais Notícias