Brasília, 6 de agosto de 2025 — Uma coletiva de imprensa promovida por deputados bolsonaristas, nesta terça-feira (5), nos arredores do Congresso Nacional, foi marcada por um momento de constrangimento. O repórter Humberto Sampaio, do portal BNews, interrompeu o teatro político com uma pergunta objetiva sobre a legalidade da prisão de Jair Bolsonaro (PL).
Durante o protesto simbólico, no qual parlamentares apareceram com esparadrapos na boca em crítica ao Supremo Tribunal Federal (STF), o jornalista questionou: “Desde quando descumprir ordem judicial virou facultativo no Brasil?”. A pergunta provocou visível desconforto entre os parlamentares, que evitaram uma resposta direta.
A reação da oposição e o silêncio diante dos fatos
O grupo que organizou o ato incluía os deputados Cabo Gilberto (PL-PB), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Rodrigo Dazaeli (PL-MT) e Hélio Lopes (PL-RJ). O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), também integrante da mobilização, não participou da coletiva por motivos de saúde.
Durante a entrevista improvisada, os parlamentares protestavam contra a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, e pediam o impeachment do magistrado, a quem chamaram de “ditador da toga”. Os deputados também acusaram o STF de instaurar um “estado policial” e violar a Constituição ao restringir a liberdade de manifestação de parlamentares eleitos.
Ao mencionar o caso do ex-senador Marcos do Val, também acusado de desobedecer decisões judiciais, o repórter apontou para o padrão de comportamento da ala bolsonarista diante do Judiciário. A pergunta viralizou nas redes sociais e foi elogiada por jornalistas e usuários que destacaram o contraste entre o jornalismo factual e a encenação política.
“A gente tem assistido, nos últimos dias, a descumprimentos correntes, como foi o caso do Marcos do Val e do Bolsonaro”, afirmou Sampaio durante a coletiva.
Pressão por impeachment e tentativa de anistia no Congresso
Os deputados oposicionistas reivindicam o afastamento de Alexandre de Moraes, bem como a aprovação de um projeto de anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. A iniciativa ocorre no mesmo momento em que líderes bolsonaristas tentam articular pressão institucional sobre o Congresso, após o STF endurecer medidas contra envolvidos em tentativas de golpe.
Na segunda-feira (4), o Congresso já havia registrado protestos semelhantes. Sessões foram suspensas após bolsonaristas ocuparem as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, exigindo pautas favoráveis à extrema direita. As manifestações integram uma escalada de confrontos entre os aliados de Bolsonaro e o Judiciário.
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O que está em jogo
Por que o protesto bolsonarista gerou repercussão?
O ato, com esparadrapos na boca, pretendia denunciar suposta censura. No entanto, foi desarticulado por uma pergunta direta sobre o descumprimento de decisões judiciais.
Qual foi o papel do repórter Humberto Sampaio?
Sampaio interrompeu a narrativa com uma pergunta que expôs a fragilidade do discurso bolsonarista, ganhando repercussão nas redes e na imprensa.
Quem participou do protesto?
Os deputados Cabo Gilberto, Sóstenes Cavalcante, Rodrigo Dazaeli, Hélio Lopes e Coronel Chrisóstomo, todos do PL, articularam a coletiva.
O que os parlamentares pedem?
Exigem o impeachment de Alexandre de Moraes e defendem a anistia de bolsonaristas presos pelos atos antidemocráticos de 2023.
Qual é o contexto da prisão de Bolsonaro?
A medida foi determinada por Moraes após Bolsonaro violar restrições judiciais e manter comunicação com aliados em atividades políticas.
Imprensa e narrativa: confronto entre realidade e encenação
A cena protagonizada pelo repórter do BNews reforça o papel essencial do jornalismo diante de crises institucionais. Em vez de ceder à provocação ou repercutir falas sem filtro, a pergunta de Humberto Sampaio reafirmou a importância da fiscalização factual.
Enquanto o PL tenta transformar o Congresso em palco de confrontos simbólicos, a pressão do Judiciário e da opinião pública coloca limites ao discurso performático. A tentativa de reverter decisões judiciais por meio de gritos e slogans parece encontrar resistência não apenas no STF, mas também entre jornalistas e cidadãos atentos.