Brasília, 20 de agosto de 2025 – Um relatório final da Polícia Federal (PF) encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) revela que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) transferiu R$ 2 milhões para a conta da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em 21 de fevereiro de 2024, um dia antes de ser ouvido em inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado. Segundo os investigadores, a operação caracterizaria tentativa de ocultação de patrimônio e foi motivada pelo receio de bloqueio judicial de bens.
Detalhes das movimentações
O relatório da PF aponta que Bolsonaro omitiu repasses realizados a Eduardo Bolsonaro durante depoimento e não apresentou justificativa para a transferência milionária a Michelle. Os agentes identificaram ainda saques em espécie e repasses a aliados sem explicação, além da fragmentação de valores em depósitos, prática típica de ocultação patrimonial.
“O temor de bloqueio de bens motivou a transferência”, registrou a corporação no documento.
As movimentações reforçam indícios de que Bolsonaro buscava dificultar o rastreamento de recursos em meio às investigações conduzidas pelo STF.
Coação e ataques às instituições
Além da ocultação patrimonial, a PF indiciou Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação de autoridades envolvidas na ação penal do golpe. A investigação indica que ambos tentaram atrapalhar o processo judicial, no qual o ex-presidente é réu, e que suas ações visavam também à tentativa de abolição do Estado democrático de direito, atacando diretamente instituições como STF e Congresso Nacional.
O relatório destaca que Bolsonaro manteve intensa produção e propagação de mensagens em redes sociais, mesmo após determinação judicial que restringia sua atuação digital, evidenciando esforço contínuo para pressionar autoridades e mobilizar sua base.