Traidor da Pátria

PF já tem provas para indiciar Eduardo Bolsonaro

Deputado é acusado de coação, obstrução e tentativa de abolição do Estado Democrático; PGR aponta ações coordenadas com aliados de Trump

JR Vital
por
JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Eduardo Bolsonaro - Jane de Araújo / Agência Senado

BRASÍLIA, 27 de julho de 2025 — A Polícia Federal considera que já dispõe de provas suficientes para concluir o inquérito que investiga Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por crimes que incluem coação no curso do processo, obstrução de investigação, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e atentado à soberania nacional. A apuração foi instaurada em maio a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e se intensificou após as ações e declarações do deputado nos Estados Unidos.

O parlamentar, que permanece nos EUA desde março, é acusado de agir para constranger autoridades brasileiras e interferir nas apurações do 8 de Janeiro. Ele também é apontado como articulador da tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre produtos brasileiros, em ato interpretado como tentativa de pressionar o Brasil a conceder anistia a golpistas, incluindo seu pai, Jair Bolsonaro.

Ações ilegais no exterior agravam acusações

Segundo a PGR, Eduardo Bolsonaro atuou para enfraquecer instituições brasileiras em articulação com estrangeiros, violando diretamente a soberania nacional. O deputado defende que sua atuação visava a anistia de presos pelos atos terroristas de janeiro de 2023, o que para os investigadores configura ataque à independência dos Poderes.

A lista de crimes atribuídos a ele inclui coação no curso do processo, por pressões externas sobre magistrados e membros do STF, além de tentativa de impedir investigações conduzidas por Alexandre de Moraes. A pena pode ultrapassar oito anos de reclusão, sem considerar eventuais agravantes e sanções políticas.

Conduta pode levar à cassação de mandato

Juristas e analistas consultados por veículos da imprensa nacional avaliam que as ações de Eduardo podem ensejar pedido de cassação de mandato por traição aos interesses nacionais. A permanência do deputado nos Estados Unidos, mesmo após o vencimento de sua licença parlamentar, acirra o debate sobre sua legalidade como representante eleito.

A PGR argumenta que Eduardo tentou submeter decisões do Supremo ao julgamento de autoridades norte-americanas, o que caracteriza tentativa de ingerência estrangeira no funcionamento da Justiça brasileira. Moraes já afirmou que as ações do deputado “intensificaram-se” após as decisões contra Jair Bolsonaro, agravando o quadro jurídico.

Deputado desafia Justiça e se recusa a voltar ao Brasil

No sábado, 26 de julho, Eduardo Bolsonaro foi localizado em Miami, em companhia do filho caçula. Questionado pela imprensa, afirmou não ter intenção de retornar ao Brasil. “Para não ser preso, tá louco”, disse à jornalista Thais Bilenky, do UOL. Ele não informou como pretende manter suas funções parlamentares do exterior nem se pretende renovar sua licença formal.

Fontes próximas ao deputado revelam que ele está fixado no estado do Texas com a família. Em aparição pública nos Estados Unidos, afirmou que participou de um evento com brasileiros, mas recusou-se a dar detalhes sobre local ou participantes. O encontro com a jornalista ocorreu em um parque infantil, onde Eduardo estava com trajes informais, mochila infantil e brinquedos.

Ataques ao STF acentuam tom golpista

Durante a conversa, Eduardo voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes. “Meu sonho é botar o ministro na cadeia”, afirmou, reforçando a retórica de confronto com o Supremo. A fala ecoa posições anteriores da família Bolsonaro e amplia o cerco jurídico contra o parlamentar, agora visto não apenas como aliado de Trump, mas como agente ativo contra a institucionalidade brasileira.

A Câmara dos Deputados ainda não se posicionou formalmente sobre a ausência prolongada do deputado nem sobre os efeitos da expiração de sua licença. A pressão por medidas legais aumenta diante da continuidade de sua atuação política no exterior.

Perguntas frequentes (FAQ)

Quais crimes são investigados contra Eduardo Bolsonaro?
Coação no curso do processo, obstrução de investigação, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e atentado à soberania.

Por que Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos?
O deputado viajou em março e não retornou. Segundo aliados, está fixado no Texas com a família, sem intenção de voltar.

Ele pode perder o mandato?
Sim. Juristas avaliam que sua conduta pode justificar cassação por violar o dever de defender os interesses nacionais.

Qual o papel de Donald Trump no caso?
Eduardo é apontado como articulador da sobretaxa de 50% anunciada por Trump contra produtos brasileiros, usada como pressão política.

O STF já tomou novas medidas contra o deputado?
Ainda não houve nova decisão, mas o ministro Alexandre de Moraes afirmou que as ações de Eduardo agravaram o cenário jurídico.

https://www.diariocarioca.com/wp-content/uploads/2025/09/Parimatch-728-90.jpg
Seguir:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.