Brasília, 25 de julho de 2025 — Setores radicais do PL anunciaram ofensiva contra Davi Alcolumbre e Hugo Motta, após operação da Polícia Federal que aprofundou o cerco a Jair Bolsonaro.
Bolsonarismo volta a atacar instituições e aposta em tensão permanente
A nova escalada do PL confirma o alinhamento de parte significativa do partido com estratégias de confronto institucional. A sigla decidiu mirar diretamente os presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), acusando-os de cumplicidade por não reagirem à ofensiva judicial contra Jair Bolsonaro. A iniciativa é liderada por deputados bolsonaristas insatisfeitos com a postura do Congresso diante das investigações conduzidas pela Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal.
A movimentação teve início após a operação da PF, deflagrada na sexta-feira (18), e ganhou corpo com o anúncio do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), que formalizou uma resposta partidária articulada em três frentes: alinhamento comunicacional, articulação interna no Legislativo e uma campanha nacional centrada na figura de Bolsonaro.
Tática bolsonarista mira impeachment e anistia
A ofensiva digital e a retórica de confronto giram em torno de três eixos: a exigência de anistia para os condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro, o fim do foro privilegiado e a abertura de processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes. Alcolumbre é o principal alvo: o grupo pressiona para que os pedidos de impeachment que tramitam no Senado sejam levados à votação — algo que, até o momento, não passou de ameaça retórica.
Motta, por sua vez, passou a ser atacado após manter o recesso legislativo mesmo diante das ações da PF. Os bolsonaristas, que alegam urgência institucional, exigem o fim do recesso e a convocação de sessões extraordinárias para enfrentar o Judiciário, em uma tentativa de inverter a lógica da responsabilização que paira sobre Bolsonaro.
Resistência interna e risco de isolamento
Dentro do próprio PL, a tática não é consensual. Parte da bancada teme que o confronto direto com Alcolumbre e Motta possa aprofundar o isolamento político da legenda no Congresso, prejudicando a governabilidade dos parlamentares em seus estados e minando a possibilidade de diálogo com outras forças.
Ainda assim, a ala bolsonarista segue determinada a transformar a crise em capital político, inspirando-se em estratégias de intimidação já empregadas — inclusive por outros campos ideológicos. Como justificativa, citam a recente mobilização do governo Lula contra Hugo Motta durante a disputa sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), omitindo o fato de que o governo petista operou com base institucional e apoio congressual, e não em ameaças ou retórica antidemocrática.
Quadro de Perguntas e Respostas
Por que o PL ameaça Alcolumbre e Hugo Motta?
O partido acusa os presidentes do Congresso de se omitirem diante das decisões do STF e da Polícia Federal contra Jair Bolsonaro.
Qual é o objetivo da ala radical do PL?
Pressionar o Senado a votar pedidos de impeachment de ministros do STF e retomar pautas como o fim do foro privilegiado e a anistia aos golpistas de 8 de janeiro.
Quem está à frente da ofensiva?
A articulação é liderada pelo deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), aliado direto de Bolsonaro e líder do PL na Câmara.
A estratégia tem apoio dentro do partido?
Não totalmente. Há resistência de parlamentares que temem que o PL se isole politicamente no Congresso ao adotar uma linha de confronto direto.
A pressão sobre o Congresso tem chance de sucesso?
Até agora, não há indícios de que Alcolumbre ou Motta cederão à pressão. Os pedidos de impeachment continuam engavetados no Senado.