São Paulo – No Hotel Emiliano, onde o luxo é discreto e os acordos são discretíssimos, Gilberto Kassab convocou a nata do PSD para costurar os próximos passos da estratégia presidencial do partido.
A reunião, realizada neste domingo (25 de maio), reuniu não apenas os caciques da legenda, mas também uma amostra significativa das ambições nacionais da sigla — em especial no xadrez da sucessão de 2026.
Entre os presentes estavam nomes de peso do tabuleiro político: o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e seu aliado inseparável, o deputado federal Pedro Paulo. Eles lideraram a delegação fluminense, que tem crescido em importância dentro da legenda e agora mira mais alto.
Kassab costura o protagonismo do PSD
O anfitrião, Gilberto Kassab, presidente nacional do partido, vem movendo peças com habilidade para colocar o PSD em posição de protagonismo no debate nacional. Apesar de evitar manchetes, o ex-prefeito de São Paulo nunca deixou de ser um articulador influente nos bastidores.
A estratégia presidencial está no centro dessas articulações. E Kassab não esconde que deseja ver o PSD deixando de ser coadjuvante em 2026 — seja com candidato próprio, seja como fiador de uma aliança robusta que possa rivalizar com Lula, Bolsonaro ou qualquer outra força que surja.
Tarcísio, Ratinho e Leite: aproximações e apostas
Além dos cariocas, participaram da reunião os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Junior (PR) e Eduardo Leite (RS) — três nomes que circulam com frequência nas especulações sobre o centro-direita. A presença de Tarcísio, em especial, é simbólica: embora filiado ao Republicanos, ele mantém diálogo próximo com Kassab e o PSD, o que acende o sinal de alerta no bolsonarismo, que teme perder o controle sobre o pupilo de Bolsonaro.
Já Ratinho Junior, nome com pretensões nacionais, tem no PSD sua trincheira. Com forte base no Sul, ele pode representar a “via pragmática” que Kassab cultiva — alguém palatável para o empresariado e menos tóxico para o eleitorado centrista. Eduardo Leite, por sua vez, é visto com reservas por alguns setores do partido, mas segue no radar como potencial peça de composição.
Eduardo Paes ensaia salto nacional?
Eduardo Paes, velho conhecido das disputas majoritárias e figura central no PSD do Rio, aparece cada vez mais como articulador nacional. Embora publicamente negue ambições presidenciais, nos bastidores circula com desenvoltura entre empresários, caciques partidários e prefeitos — especialmente do Sudeste.
Acompanhado de Pedro Paulo, seu braço-direito e pré-candidato à sucessão na prefeitura do Rio em 2026, Paes tenta manter o domínio político sobre a capital fluminense enquanto sinaliza que pode ser peça-chave nas negociações para 2026.
Rumo a 2026: ensaio da terceira via?
A reunião deste domingo parece ter sido menos sobre nomes e mais sobre cenários. A direção do PSD busca entender onde pode crescer, com quem pode se aliar e — acima de tudo — como não repetir o fracasso da “terceira via” em 2022. O recado é claro: se o partido quiser ser protagonista, precisa começar agora.
A eleição municipal de 2024, com apostas fortes em capitais como Rio e São Paulo, será o primeiro teste. E dependendo do desempenho, Kassab pode ter argumentos para colocar um nome próprio (ou aliado) na disputa presidencial sem parecer uma aposta kamikaze.
O Carioca esclarece
Quem lidera a estratégia presidencial do PSD?
O presidente do partido, Gilberto Kassab, é o principal articulador das costuras rumo a 2026.
Por que Eduardo Paes foi à reunião?
O prefeito do Rio é uma das principais lideranças do PSD e atua como articulador regional e nacional, com influência crescente.
O PSD terá candidato próprio à presidência?
Ainda não há definição, mas o partido quer protagonismo e articula cenários que incluem candidatura própria ou aliança majoritária.
Como essa articulação afeta a democracia?
Ao se posicionar como alternativa à polarização, o PSD pode influenciar o debate público e redesenhar o mapa eleitoral — ou repetir o fiasco da terceira via.