Inocente?

Ramagem nega espionagem ilegal e pede absolvição ao STF

Ex-diretor da Abin tenta afastar acusações no processo sobre a trama golpista contra a democracia

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Alexandre Ramagem (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, negou ter ordenado qualquer monitoramento ilegal de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ou de adversários políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nas alegações finais enviadas ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal sobre a trama golpista, Ramagem pediu absolvição, alegando que a Procuradoria-Geral da República (PGR) não comprovou seu envolvimento direto.

Defesa alega ausência de responsabilidade direta

Na manifestação protocolada no STF, os advogados de Ramagem sustentaram que a acusação incorre em “atribuição de responsabilidade objetiva” — tese segundo a qual ele estaria sendo julgado apenas por ter ocupado o cargo de diretor-geral da Abin. A defesa afirmou que não há provas de que ele tenha autorizado ou mesmo tomado conhecimento de ações ilegais.

O documento, protocolado no último dia do prazo, marca o encerramento da fase de alegações finais para os réus do núcleo 1 da investigação. Essa etapa antecede o julgamento que poderá condenar ou absolver os acusados de participação na tentativa de golpe contra as instituições democráticas.

Processo envolve núcleo político-militar do bolsonarismo

Além de Jair Bolsonaro, outros seis aliados do ex-presidente têm prazo para apresentar suas manifestações. Entre eles estão Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro e candidato a vice em 2022).

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no processo, já havia apresentado sua manifestação no mês passado, em troca de benefícios na colaboração premiada.

STF se prepara para julgamento decisivo

O julgamento do núcleo 1 será um dos mais relevantes da ofensiva judicial contra o projeto autoritário do bolsonarismo. O desfecho do caso servirá como termômetro da capacidade do Supremo em punir autoridades que, segundo as investigações, se valeram de cargos públicos para conspirar contra o Estado democrático de direito.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.