Bolsonaristas empurram retrocesso no Senado: voto impresso reaparece em Código Eleitoral que desmonta transparência e joga democracia de volta ao século passado.
Arcaísmo de luxo em pleno 2025
Enquanto o mundo debate inteligência artificial para blindar eleições, o Brasil escolhe um atalho: voltar ao papel e à caneta.
A CCJ do Senado aprovou, por 14 a 12, a volta do voto impresso no novo Código Eleitoral.
O detalhe tragicômico? O Supremo já havia enterrado essa maluquice por ser inconstitucional. Mas, em Brasília, retrocesso não morre — hiberna.
Do século XXI ao XIX em um clique
A lógica bolsonarista é de museu: se a urna eletrônica é uma conquista tecnológica que garante agilidade e segurança, o antídoto é desconfiar dela e pedir papel. O futuro incomoda; o cheiro de mofo, não.
STF disse não. O Senado finge que não ouviu
O Supremo foi claro: o voto impresso viola o sigilo da votação. Mas a CCJ prefere brincar de máquina do tempo. É a institucionalização da paranoia, a reedição de uma farsa que já nasceu morta. O recado é simples: Constituição? Só quando convém.
Transparência? Só se for com vela e lamparina
O relator Marcelo Castro (MDB-PI) resolveu dar de presente aos partidos uma Justiça Eleitoral desdentada. A fiscalização das contas agora se resume a erros contábeis banais, sem tocar em desvios bilionários. Tudo muito prático para quem lida com os mais de R$ 6 bilhões de fundo público.
Para completar, extinguiram o sistema de divulgação de contas (SPCA). Transparência digital em 2025? Bobagem. O negócio é voltar ao sigilo analógico.
Políticos de farda e toga: a farra está liberada
O texto ainda facilita candidaturas de militares, juízes e procuradores, como se já não tivéssemos confusão suficiente entre poder de Estado e disputa eleitoral. Quer largar a farda hoje e amanhã disputar eleição? Seja bem-vindo ao circo.
Pesquisas: estatística à la bolsonarista
Os gênios da CCJ também mexeram nas pesquisas eleitorais. A ideia de censura foi trocada por outra bizarrice: obrigar institutos a comparar pesquisas passadas com resultados de urnas, como se ciência política fosse bolão de Copa do Mundo.
Próximos capítulos da novela retro
O texto ainda precisa passar pelo plenário e voltar à Câmara. Ou seja: teremos mais rodadas de debates que parecem saídos do túnel do tempo.
Enquanto democracias avançam, o Brasil insiste em brincar de século passado, com papelzinho impresso e caixa-preta partidária.
Se inovação eleitoral fosse disciplina escolar, nossos senadores estariam repetindo de ano.