O sermão do banco dos réus

Silas Malafaia no STF: Gonet acelera denúncia contra pastor antes do recesso

por 17 de dezembro de 2025
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Atualizado em 17/12/2025 21:02

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, prepara a ofensiva final de 2025 contra o pastor Silas Malafaia. Em um movimento que visa aproveitar o fôlego jurídico antes do recesso do Judiciário, a PGR deve protocolar no Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra o líder religioso por ofensa à honra de militares. O alvo são os ataques sistemáticos proferidos pelo pastor contra a cúpula das Forças Armadas.

Do púlpito à Avenida Paulista

A peça acusatória foca na retórica agressiva de Malafaia durante manifestações em apoio a Jair Bolsonaro. Em abril, o pastor utilizou um carro de som na Avenida Paulista para disparar contra generais do Exército, chamando-os de “cambada de frouxos” e “covardes”. Embora o pastor tente vender a narrativa de que apenas cobrava “posição” e não um golpe de Estado, a PGR entende que as declarações cruzaram a linha da liberdade de expressão para atingir a dignidade das instituições militares.

O apoio de Bolsonaro às falas do pastor, declarando-se “triste com as verdades” ditas pelo aliado, serviu apenas para isolar ainda mais o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Enquanto o STF conclui a condenação de militares envolvidos em tramas antidemocráticas, Malafaia torna-se o próximo alvo de um cerco que não se limita apenas à honra, mas também à conduta processual.

O “anjo” da obstrução

Apesar de a denúncia de Gonet focar na injúria contra os fardados, o horizonte de Silas Malafaia é ainda mais turvo. O pastor segue na mira da Polícia Federal por suspeita de tentativa de obstrução da Justiça. Mensagens interceptadas sugerem que ele teria articulado pressões diretas sobre a Corte para interferir nas investigações que envolvem o ex-presidente.

Por ora, a PGR opta por um caminho mais célere e menos complexo do que a acusação de golpe, focando no crime de honra para garantir que o pastor não termine o ano sem uma resposta institucional. A decisão de protocolar a denúncia até esta sexta-feira (19/12) é um recado claro de que o “grito” da Paulista terá consequências no plenário do STF.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.