Brasília – 9 de agosto de 2025 – Jair Bolsonaro (PL) completa a primeira semana em prisão domiciliar, imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob rígidas restrições de contato externo e monitoramento permanente. A medida, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, ocorreu após descumprimento de ordens judiciais e participação remota em ato político no Rio de Janeiro, em desafio às regras cautelares.
Saúde fragilizada e isolamento imposto
Relatos de familiares e aliados indicam que Bolsonaro alterna momentos de abatimento e irritação. As crises de soluço, que já o acometiam antes da prisão, permanecem. O cardiologista Leandro Echenique, autorizado pelo STF a acompanhá-lo, associou o sintoma a refluxo e histórico pós-operatório. “Os episódios voltaram de forma intermitente. Ele já está se tratando do refluxo”, disse, afastando relação direta com a prisão.
Aliados próximos utilizam o quadro de saúde como argumento para evitar sua transferência para um presídio, sobretudo diante do julgamento sobre a trama golpista que pode resultar em condenação.
Visitas sob controle e rotina restrita
A decisão judicial proíbe Bolsonaro de usar qualquer telefone. Visitantes, entre eles os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro, o irmão Renato e a esposa Michelle, presidente do PL Mulher, precisam deixar celulares no carro antes de entrar.
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), alinhada à família, declarou que a situação exige novos hábitos. “Para ele, a prisão é uma tortura. Ele gosta de fazer coisas. Não tem o que fazer, ele inventa”, disse, sugerindo tarefas domésticas e cuidados com animais como alternativas.
Apoio político e blindagem
O ministro Alexandre de Moraes autorizou visitas políticas como a do senador Ciro Nogueira (PP-PI), do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e de deputados do PL, definindo datas para evitar aglomerações e atos de mobilização.
A prisão foi determinada após a videochamada de Bolsonaro em evento no Rio de Janeiro, entendida como violação das restrições. Desde então, o ex-presidente, conhecido pelo uso massivo das redes sociais para mobilização política e propagação de narrativas, está impedido de interagir virtualmente com apoiadores.
O que está em jogo
- Quais são as restrições atuais?
Proibição de uso de telefone, controle de visitas e vigilância permanente. - Por que foi preso?
Descumprimento de medidas cautelares ao participar de ato político por videochamada. - Qual o impacto político?
Enfraquecimento da capacidade de articulação direta com a base bolsonarista. - Há risco de prisão em presídio?
Sim. Depende do julgamento sobre a trama golpista. - Como reage a base de apoio?
Mobiliza narrativas de perseguição política e tenta blindar Bolsonaro de punições mais severas.
O isolamento de Bolsonaro em sua residência de alto padrão no Jardim Botânico expõe não apenas o desgaste físico do ex-presidente, mas também a dificuldade de manter sua estratégia de mobilização sem as redes sociais.
A prisão domiciliar, ainda que confortável, representa uma ruptura inédita no núcleo do bolsonarismo, que agora se vê obrigado a operar sem seu principal rosto na linha de frente.