O Supremo Tribunal Federal (STF) votou, nesta sexta-feira (22), pela condenação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a 5 anos e 3 meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma.
O caso se refere ao episódio ocorrido em outubro de 2022, véspera do segundo turno das eleições presidenciais, quando Zambelli discutiu com um apoiador de Lula em São Paulo e, em seguida, sacou uma arma e o perseguiu pelas ruas, chegando a entrar em um estabelecimento comercial com a pistola em punho.
Segunda condenação no STF em 2025
Essa não é a primeira vez que a parlamentar bolsonarista enfrenta condenação. Em maio deste ano, ela já havia sido sentenciada a 10 anos de prisão pela invasão de sistemas e adulteração de documentos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Após essa decisão, Zambelli fugiu para a Itália, onde está presa enquanto aguarda o julgamento do pedido de extradição. Sua cassação de mandato também já foi determinada pelo Supremo e está em análise na Câmara dos Deputados.
Como votaram os ministros
A maioria dos ministros acompanhou o relator, Gilmar Mendes, que classificou a conduta da deputada como de “elevado grau de reprovabilidade”. Mendes destacou que Zambelli perseguiu um homem desarmado e de corrente política oposta, em plena véspera de eleição, colocando em risco a segurança de quem estava no local.
Além do relator, votaram pela condenação: Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Edson Fachin, Luiz Fux e Roberto Barroso.
- O ministro André Mendonça defendeu uma pena mais branda, de apenas 8 meses, por constrangimento ilegal.
- Já Nunes Marques votou pela absolvição no crime de porte de arma, considerando apenas exercício arbitrário das próprias razões, o que não seria mais aplicável.
A gravidade do caso
Para Mendes, o episódio extrapola qualquer limite de imunidade parlamentar:
“Ainda que a vítima tivesse iniciado a discussão e ofendido a honra da ré, a resposta consistente em constrangê-la com uma arma não pode ser considerada legítima. A legislação penal prevê mecanismos específicos para lidar com crimes contra a honra e ameaças e não legitima qualquer forma de retaliação armada”.
Um símbolo do bolsonarismo armado
A cena de Carla Zambelli, correndo com arma em punho atrás de um opositor político, tornou-se um dos símbolos mais claros da escalada de violência do bolsonarismo. Ela representa não apenas um ato individual, mas a lógica de intimidação pela força que tantos tentaram naturalizar nos últimos anos.
A condenação mostra que, apesar de toda a blindagem política que tentou construir, a lei vale também para aqueles que se achavam acima dela.