O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a trama golpista que tentou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega à fase decisiva nesta semana. O processo envolve oito réus, mas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é considerado o principal articulador das ações para abalar a confiança no sistema eleitoral e abrir caminho para uma ruptura institucional.
A análise, conduzida pela Primeira Turma do STF, será retomada na terça-feira (10) e deve ser concluída até sexta-feira (12), quando serão definidas as sentenças de todos os acusados. A Procuradoria-Geral da República (PGR) sustenta que Bolsonaro utilizou a máquina pública, a influência sobre setores militares e sua base política para tentar inviabilizar a transição de governo.

De acordo com ministros do Supremo ouvidos pela imprensa, as provas contra o ex-presidente são mais robustas do que as apresentadas contra os demais réus. Bolsonaro é acusado de liderar reuniões em que foram discutidas alternativas ilegais para contestar o resultado das eleições de 2022, além de estimular a desinformação sobre a Justiça Eleitoral. A possibilidade de condenação com pena severa não está descartada.
Entre os outros acusados estão os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira. Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), é apontado como um dos formuladores da narrativa contra as urnas eletrônicas, embora sua defesa tenha fragilizado as provas apresentadas pela Polícia Federal (PF). Já Paulo Sérgio, que chefiou o Ministério da Defesa, tenta sustentar que se opôs a planos golpistas, mas segue sob questionamento por suas declarações críticas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022.
Outros nomes ligados ao núcleo bolsonarista, como Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Mauro Cid e Walter Braga Netto, também aguardam sentença. Nenhum deles, entretanto, concentra tanto protagonismo quanto Bolsonaro, que permanece no centro do processo e pode se tornar o primeiro ex-presidente da história recente a ser condenado criminalmente por atentar contra a democracia.