Brasília, 24 de junho de 2025 – O governo Lula alcançou, nos 12 meses encerrados em maio, um superávit primário próximo a R$ 20 bilhões, segundo relato do secretário do Tesouro, Rogério Ceron. O resultado supera em R$ 60 bilhões o desempenho registrado no ano anterior, sinalizando uma política fiscal rigorosamente contracionista, com redução de despesas em cerca de 3% na base real.
Equilíbrio às duras penas
O superávit acumulado é reflexo de um modelo de rigor fiscal adotado pelo governo, que congelou R$ 31,3 bilhões em gastos e elevou o IOF para reforçar a arrecadação www1.folha.uol.com.br. Segundo Ceron, esse bloqueio só poderá ser revertido após a tramitação de medidas de ajuste pendentes no Congresso, como a MP 1.303, a reforma da previdência militar e a regulamentação dos supersalários.
Apreensão com o próximo semestre
Apesar do desempenho robusto, o secretário do Tesouro demonstrou cautela com os rumos fiscais até dezembro. “Vejo dificuldades para o restante do ano”, disse Ceron, destacando que a execução orçamentária depende do aval legislativo para mudanças no arcabouço fiscal.
As propostas em tramitação, avaliadas como fundamentais para cumprimento das metas, ainda enfrentam resistência e exigem concessões políticas — cenário que reforça a atenção do governo à articulação com o Congresso .
O “Efeito Lula” na economia
O superávit reflete efeitos econômicos positivos gerados pelo governo, incluindo aumento da arrecadação impulsionado por crescimento real nas receitas e maior tributação sobre grandes fundos patrimoniais. As medidas promovidas até abril resultaram em R$ 17,78 bilhões de saldo positivo naquele mês, conforme dados do Tesouro.
Esse resultado contribui para manter as finanças sob controle, mas não elimina os riscos: o crescimento dos benefícios sociais, especialmente o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pressiona o gasto público. Ceron reconhece a necessidade de avaliação estruturada desses programas a partir de 2027.
Impacto no arcabouço fiscal
O superávit atual também fortalece a credibilidade do arcabouço fiscal 2025–2026, que estabelece metas pressíveis: déficit zero com margem de tolerância de até R$ 28 bilhões. A manutenção do rumo fiscal reforça a confiança nos balanços futuros, apontando para uma organizacão financeira mais sustentável.
Mas o Tesouro alerta: se as medidas em tramitação não avançarem, o cenário orçamentário pode se complicar e exigir mais contingenciamento ou novas medidas de receita.
O Carioca Esclarece
O superávit primário refere-se ao saldo entre receitas e despesas do governo, excluindo pagamentos de juros da dívida — indicador essencial de esforço fiscal e sustentabilidade das contas públicas.
FAQ – Perguntas Frequentes
1. Por que o superávit cresceu tanto em 12 meses?
Por combinação de aumento da arrecadação real e contenção de despesas via bloqueio de R$ 31 bilhões.
2. Qual o papel da MP 1.303 e temas fiscais em discussão?
Precisam ser aprovados para manter o equilíbrio fiscal de 2025 e criar condições para o orçamento de 2026.
3. O que preocupa o Tesouro para 2027?
Crescimento de despesas obrigatórias, sobretudo BPC, e a necessidade de ajustes gradativos, sem “cavalos de pau”.
