O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu restabelecer de forma provisória a escolta da Polícia Legislativa Federal da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ).
A decisão foi anunciada na noite deste sábado (13), após reação da parlamentar e repercussão da suspensão da proteção.
O recuo ocorreu depois de um pedido formal de reconsideração apresentado pela líder do PSOL.
Reavaliação prometida
Em nota, a Presidência da Câmara informou que o tema será reavaliado à luz de novos elementos apresentados pela deputada e de precedentes internos da Casa. Até que haja uma decisão definitiva, Motta determinou a manutenção da escolta.
Suspensão por parecer técnico
Segundo a Câmara, a escolta havia sido suspensa na segunda-feira (8) após parecer do Departamento de Polícia Legislativa Federal.
O documento se baseou em informações da Polícia Civil do Rio, do Ministério Público estadual e da Polícia Federal, que teriam concluído não haver ameaças recorrentes nem risco imediato à integridade física da parlamentar.
O despacho assinado por Motta cita o Ato da Mesa nº 213/2025, que previa prazo determinado para a proteção e condicionava sua manutenção à persistência das ameaças. Com base nas análises técnicas, a Presidência considerou “insubsistentes” os motivos que justificaram a escolta e determinou sua suspensão a partir de 11 de dezembro.
Acusação de retaliação
Talíria Petrone afirma que não foi comunicada previamente da decisão e diz não ter recebido informações que comprovassem o fim das ameaças. Para ela, o episódio caracteriza retaliação política, já que a suspensão ocorreu após discursos críticos à condução de Motta no plenário e à atuação da Câmara em pautas sensíveis.
“Minha opinião política não pode ser motivo para a minha desproteção”, afirmou a deputada. Sem a escolta oficial, ela precisou contratar segurança privada para retornar ao Rio de Janeiro e participar de um ato político-cultural.
Histórico de ameaças
A parlamentar relatou que a decisão considerou supostos problemas de conduta pessoal, como uso de aplicativos de transporte, presença em eventos públicos e atividades cotidianas. “É uma justificativa absurda. Tenho escolta há sete anos e meio e sigo vivendo”, disse.
Talíria lembra que o histórico de ameaças remonta a 2020, quando denúncias indicaram planos de milicianos para assassiná-la, o que a levou a deixar o Rio com os filhos. Desde então, segundo ela, as ameaças se intensificaram, incluindo ataques racistas, misoginia política e mensagens virtuais recorrentes.
A deputada também questiona os critérios adotados pela Câmara para retirar sua proteção enquanto outras autoridades permanecem escoltadas em situações semelhantes. O despacho que suspendeu a escolta, contudo, destaca que a medida não é definitiva e prevê nova autorização caso os requisitos sejam novamente atendidos.

