Brasília, 15 de julho de 2025 — Pesquisa AtlasIntel revela que 37% dos brasileiros responsabilizam a família Bolsonaro pelas tarifas impostas por Trump ao Brasil. Para a maioria, trata-se de um ataque à soberania nacional.
Rejeição à tarifa e responsabilização do bolsonarismo
A tentativa de Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, sob pretexto de “segurança econômica dos Estados Unidos”, provocou repulsa generalizada no Brasil. A nova rodada da AtlasIntel, em parceria com a Bloomberg, revela que 36,9% da população identifica diretamente a articulação do clã Bolsonaro como responsável pelo ataque comercial.
É mais do que desconfiança. A percepção dominante é de cumplicidade ativa: entre os entrevistados, cresce a convicção de que a aproximação entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente norte-americano foi decisiva para a imposição das sanções. A medida, já considerada injustificada por 62,2% dos brasileiros, também é interpretada por mais da metade dos entrevistados (50,3%) como uma violação da soberania nacional.
A denúncia é política, econômica e simbólica — e cobra da diplomacia brasileira uma resposta mais incisiva do que a nota oficial emitida pelo Itamaraty na última semana.
Ataque ao BRICS, retaliação ao STF e desconfiança diplomática
Para 40,9% dos entrevistados, o principal motivo de Trump seria retaliar o ingresso pleno do Brasil no BRICS. Outro grupo relevante (16,8%) aponta como razão as decisões do STF que afetaram o funcionamento de plataformas digitais dos EUA em território brasileiro.
O dado evidencia uma leitura crítica: não se trata de uma política comercial convencional, mas de um instrumento de guerra híbrida — voltado a desestabilizar o governo Lula e punir o avanço da multipolaridade.
Nesse cenário, a confiança no diálogo é instável. Apenas 47,9% acreditam que o governo conseguirá negociar a reversão das tarifas. Já 38,8% expressam total ceticismo em relação a qualquer trégua vinda de Washington.
Impactos econômicos e alternativas de enfrentamento
A percepção do impacto econômico é grave: 48,6% acreditam que haverá alto prejuízo imediato e 14,9% temem consequências ainda mais severas. Entre os efeitos esperados estão o aumento da inflação (70%) e a desaceleração do crescimento nacional (72%).
Diante da ofensiva norte-americana, a maioria dos brasileiros defende que o Brasil adote medidas de retaliação comercial. O aumento de tarifas sobre produtos dos EUA tem o apoio de 51,2% dos entrevistados. Outros 28,6% querem fortalecer laços comerciais com a China e 14,5% defendem a redução da dependência do dólar.
Na avaliação da postura do governo Lula, 44,8% consideram a resposta adequada. Já 27,5% a julgam agressiva e 25,2% classificam como fraca. O resultado mostra que, embora o governo tenha maioria de aprovação na crise, ainda há cobrança por firmeza e assertividade.
Desgaste da imagem dos Estados Unidos
A crise tarifária também deixou sequelas simbólicas. A pesquisa indica que 75,7% dos brasileiros avaliam que a relação entre os dois países saiu fragilizada. A imagem geral dos EUA também sofreu corrosão: 50,5% têm visão negativa do país, enquanto 45,9% ainda mantêm uma imagem positiva.
O episódio marca uma inflexão na política externa brasileira, com aumento da pressão popular por realinhamento geopolítico — e recusa explícita à submissão ao eixo imperialista norte-americano.
Perguntas e Respostas
Quem os brasileiros responsabilizam pela tarifa de Trump?
36,9% apontam a família Bolsonaro como corresponsável pelas sanções.
A tarifa dos EUA é vista como legítima?
Não. 62,2% consideram a medida injustificada e 50,3% a veem como ameaça à soberania.
Qual o impacto esperado na economia?
Alta inflação (70%), desaceleração do crescimento (72%) e prejuízo severo nas exportações.
Como a população avalia a resposta do governo Lula?
44,8% consideram adequada, mas 52,7% querem uma reação mais dura.
O Brasil deve retaliar?
Sim. A maioria defende tarifas sobre os EUA, mais comércio com a China e ruptura com o dólar.