Um estudo do Laboratório de Geografia Marinha da UFRJ acendeu o alerta para o futuro da orla da Barra da Tijuca. A pesquisa, publicada na revista Quaternary and Environmental Geoscience, indica que a região pode sofrer, em breve, o mesmo nível de destruição causado por ressacas que hoje atinge o Leblon.
O avanço da urbanização e a destruição de dunas e restingas estão deixando a praia cada vez mais exposta ao avanço do mar.
De acordo com a professora Flávia Lins de Barros, uma das autoras do levantamento, a situação se agravou nas últimas décadas. O avanço de calçadões e quiosques, que se transformaram em verdadeiros “beach clubs”, reduziu drasticamente as barreiras naturais da praia. Ela explica que o fenômeno conhecido como beach squeeze — quando a praia é “espremida” entre pressões urbanas e a elevação do nível do mar — já ameaça a Barra, especialmente em trechos como a Praia do Pepê.
As dunas frontais e restingas funcionam como defesas contra as ondas, mas vêm sendo degradadas por ocupação irregular e construções. Hoje, a Barra ainda possui bancos de areia largos e dunas que chegam a sete metros, mas se o ritmo de destruição continuar, a região poderá viver cenas semelhantes às do Leblon em cerca de um ano. Ressacas recentes, com ondas de até quatro metros, já deram sinais da gravidade do risco.
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O estudo, que percorreu 48,5 km da costa carioca ao longo de cinco anos, contou com apoio do CNPq, Capes e Faperj. Os pesquisadores defendem que políticas públicas priorizem a restauração ambiental, como a recuperação de dunas e da vegetação de restinga, em vez de apostar apenas em grandes obras de contenção. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima afirma já desenvolver projetos de adoção de módulos de restinga e ações de conscientização junto a quiosques, além de fiscalizações diárias.



