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Plano com Exército no RJ tenta mostrar força, mas evita a raiz do tráfico

Estratégia do governo estadual prevê blindados e apoio logístico do Exército, mas ignora causas sociais da violência

Rio de Janeiro, 2 de julho de 2025 – O governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou que vai solicitar oficialmente o apoio do Exército para participar de operações conjuntas de retomada de territórios dominados por milicianos e traficantes. A medida integra o novo plano de segurança que será enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) até 15 de outubro, como parte do cumprimento da ADPF das Favelas.

De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, Victor dos Santos, o Exército atuaria “na retaguarda”, fornecendo apoio logístico, transporte de tropas e uso de blindados, especialmente em regiões com barricadas e armamento pesado.

O pedido será formalizado com base na chamada Garantia da Lei e da Ordem (GLO), dispositivo constitucional que autoriza o uso das Forças Armadas em situações de grave ameaça à ordem pública. No entanto, a promessa do governo estadual é que militares não entrem diretamente nas comunidades — limite imposto pela própria Constituição e por decisões anteriores do STF.


Repetição de uma velha fórmula

Embora o discurso oficial busque transmitir controle e planejamento, a proposta repete uma estratégia que o próprio Rio já viu fracassar inúmeras vezes. A presença de blindados do Exército já foi usada em operações como a retomada do Complexo do Alemão em 2010, com resultados limitados e temporários.

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Na prática, as ações repressivas sem contrapartidas sociais estruturais tendem a reforçar ciclos de violência, deslocando grupos armados de uma região para outra e aprofundando a desconfiança da população em relação ao Estado.


Segurança sem base social

O plano de segurança do estado será elaborado sob a supervisão do STF por exigência da ADPF das Favelas, decisão histórica que impõe regras e limites à atuação policial nas periferias, incluindo a exigência de planejamento prévio, comunicação com órgãos de direitos humanos e prestação de contas à Justiça.

Apesar disso, a proposta atual ainda foca exclusivamente em ações militares e logísticas, sem qualquer anúncio de investimento em educação, saneamento, políticas de juventude ou geração de renda nas áreas afetadas.

Trata-se, portanto, de um projeto de ocupação temporária, sem horizonte de cidadania.


A retórica da força como cortina de fumaça

O uso do Exército em áreas urbanas sempre provoca reações divididas. Enquanto parte da população cobra ações enérgicas contra a criminalidade, a militarização da segurança pública é constantemente denunciada por organizações de direitos humanos como ineficaz e perigosa.

Nas últimas operações de GLO, como no Rio em 2018, o número de mortes aumentou, e os resultados em termos de redução da criminalidade foram praticamente nulos. O relatório final da intervenção federal sequer apresentou indicadores de impacto positivo.

No atual plano, não há qualquer estimativa de custos, metas de avaliação, cronograma público ou garantias de proteção à população civil. A aposta continua sendo na intimidação, não na construção de paz.


O Carioca Esclarece

Garantia da Lei e da Ordem (GLO) é um instrumento constitucional que permite o uso das Forças Armadas em apoio às forças policiais, mediante autorização do presidente da República, em situações de grave perturbação da ordem.


FAQ – Perguntas Frequentes

1. O Exército vai entrar nas comunidades do Rio?
Não diretamente. Segundo o governo estadual, a atuação será de apoio logístico e retaguarda. Mas a presença de blindados em áreas urbanas é parte do plano.

2. A GLO já foi usada antes no Rio de Janeiro?
Sim, inclusive durante a intervenção federal de 2018. No entanto, os resultados foram questionáveis, com aumento de mortes e sem redução significativa da violência.

3. Esse plano prevê ações sociais junto à repressão?
Até agora, não. O foco está em ações militares, sem contrapartidas sociais efetivas anunciadas.

JR Vital
JR Vitalhttps://www.diariocarioca.com/
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.
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