O vereador Carlos Bolsonaro anunciou sua renúncia ao mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A decisão visa viabilizar sua mudança para Santa Catarina, onde trabalhará para disputar uma vaga no Senado nas eleições de 2026. A renúncia foi comunicada na abertura da sessão desta quinta-feira (11), marcando uma nova etapa em seu projeto político.
“Parto dessa cidade com o coração cheio de saudade, mas também com a serenidade de quem sabe que está atendendo uma missão maior, da qual sempre fiz parte,” declarou Carlos. “Vou para Santa Catarina para cumprir um chamado que eu não poderia realizar aqui. Não é uma fuga, é a continuidade de uma luta.”
Homenagem ao Pai e Críticas ao Processo
Durante seu discurso, o vereador citou o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está preso na superintendência da Polícia Federal em Brasília após a condenação de 27 anos pelo caso da tentativa de golpe. Carlos se emocionou ao comentar a situação.
Ele apontou o que vê como irregularidades no processo: “Hoje ele enfrenta uma vida injusta, fruto de um processo recheado de contradições, vícios e interpretações políticas.” O vereador afirmou que a Justiça “cedo ou tarde, abrirá a porta que querem manter fechada”.
Trajetória de 25 Anos e Despedida
A mudança encerra quase 25 anos de atuação no Legislativo carioca. Carlos Bolsonaro assumiu o primeiro mandato em 2000, aos 17 anos, e foi reeleito por seis vezes consecutivas. Ele consolidou-se como um dos nomes mais fortes da direita fluminense, com recorde de votos para vereador no Rio em 2016 e 2024.
No discurso de despedida, ele citou marcos de sua trajetória, como a “criação do clube de literatura clássica” e o estabelecimento do “Dia Municipal da Liberdade de Expressão”.
O presidente da Câmara, Carlo Caiado, classificou o colega como “sincero” e “amigo”, apesar das divergências políticas, destacando que sua presença “marcou época” no Legislativo carioca. A vereadora Rosa Fernandes também prestou homenagem, ressaltando o amadurecimento do vereador.
Estratégia de 2026 e Atritos Internos no PL
A ida para Santa Catarina faz parte da estratégia eleitoral do PL para 2026. O partido avalia que Carlos tem uma chance sólida de conquistar a vaga no Senado em um estado que deu cerca de 70% dos votos ao ex-presidente em 2022. No Rio, o partido vê riscos de desgaste, especialmente porque Flávio Bolsonaro deve concorrer à reeleição ao Senado.
No entanto, a movimentação não é unânime dentro do PL catarinense. Uma ala resiste ao avanço do vereador, preocupada que sua candidatura reduza o espaço da deputada federal Carol de Toni, que também deseja disputar o Senado. Dirigentes avaliam que essa sobreposição pode gerar atritos internos nos próximos meses.
O governador Jorginho Mello, que tentará um novo mandato, observa o cenário com cautela. Ele não deseja entregar as duas vagas ao Senado para nomes do próprio partido, pois isso dificultaria acordos com outras siglas para ampliar sua base de apoio.
