Um novo levantamento do Fogo Cruzado mostra que as “operações vingança” das polícias do Rio de Janeiro são mais letais e deixam um rastro de medo e traumas na população.
O que você precisa saber:
- Operações policiais com três ou mais mortos são consideradas chacinas.
- Entre 2016 e 2023, houve 283 chacinas no Rio, com 1.137 mortos.
- 18 dessas chacinas foram motivadas pela morte ou ferimento de um policial.
- Essas operações são 70% mais letais do que as que não têm esse contexto.
O levantamento “Estado Letal” do Fogo Cruzado aponta que as forças policiais são responsáveis por, em média, três chacinas por mês na região metropolitana do Rio. Do total, 18 aconteceram depois que um policial foi morto ou ferido, deixando 117 mortos.
A pesquisadora Maria Isabel Couto, Diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, explica que “operações vingança” acontecem como retaliação. “Essa forma de atuação das polícias traz ainda mais medo e traumas para a população, sobretudo a que mora nas regiões mais vulneráveis, que deveria ter no agente de segurança a imagem de protetor e não de algoz”, afirma.
O Complexo do Salgueiro, conjunto de favelas em São Gonçalo, foi a localidade com mais chacinas registradas desde 2016. Apenas lá, 14 chacinas policiais resultaram em 66 mortes. Na zona norte da capital foram 73 casos que deixaram 373 pessoas mortas. Na Baixada Fluminense foram mapeados 72 casos, com 255 mortos.
“É inaceitável que a tática das corporações para o enfrentamento à violência seja trazer mais violência para a população”, comenta Maria Isabel Couto.
A pesquisadora e diretora do Fogo Cruzado avalia que apenas a recriação da Secretaria ou de um novo órgão não é suficiente para romper “com a barreira do sigilo que hoje impera” na segurança pública.
Com informações do Brasil de Fato
