Cláudio Castro promete cumprir ADPF das Favelas

MPRJ sedia primeiro encontro do Comitê de Monitoramento das decisões da ADPF 635
MPRJ sedia primeiro encontro do Comitê de Monitoramento das decisões da ADPF 635

Rio de Janeiro, 15 de julho de 2025 — Em reunião com o Ministério Público e o comitê de fiscalização da ADPF 635, Cláudio Castro disse que o governo do estado já iniciou a implementação das medidas exigidas pelo Supremo.

Governador do Rio tenta se alinhar à ADPF 635 sob pressão de instituições e movimentos

Cláudio Castro chegou ao Ministério Público tentando provar o que ainda não convenceu ninguém: que o Estado do Rio está, de fato, cumprindo a ADPF 635. A decisão do Supremo Tribunal Federal, que impõe limites à letalidade policial e exige políticas públicas efetivas para a segurança nas favelas, continua sendo ignorada nas vielas onde o sangue insiste em escorrer.

Durante a reunião com representantes do Ministério Público, do Conselho Nacional do MP e do comitê independente de fiscalização, o governador repetiu promessas e apresentou o chamado “plano de retomada de territórios”. Um discurso conhecido: combater o crime, retomar espaços, integrar ações. Mas não há uma palavra sobre as mães que enterram filhos, as casas invadidas, os corpos sem nome.

ADPF das Favelas segue como compromisso empurrado com a barriga

A ADPF 635 é uma vitória jurídica arrancada com a luta de mães, defensores de direitos humanos e organizações de base. Ela obriga o Estado a rever sua lógica de operação armada em territórios historicamente racializados e excluídos. Mas até agora, o que se vê é a manutenção da violência com outra embalagem.

Castro afirma que “metodologia e pesquisa” estão guiando as ações do governo. Mas nenhuma metodologia substitui o diálogo direto com os moradores. Nenhuma pesquisa compensa o desprezo pela vida negra e favelada que o Estado insiste em tratar como dano colateral.

Sociedade civil exige mais que falas ensaiadas e gestos simbólicos

O procurador-geral Antonio José Campos Moreira elogiou o comparecimento do governador. O conselheiro Antônio Edílio Magalhães, presidente do comitê, falou em “integração institucional”. Mas a ausência de moradores da favela à mesa e o silêncio sobre as violações recentes revelam que a participação popular segue sendo marginalizada.

Enquanto o governo exibe seus planos em auditórios refrigerados, a realidade nas favelas continua marcada por operações violentas, execuções sumárias e a ausência do Estado onde mais se precisa dele — na saúde, na educação, na moradia.

A ADPF das Favelas não é peça de retórica. É um marco jurídico e político que exige ruptura com a lógica da guerra. O gesto simbólico do governador não basta. O que se exige é ação concreta, transparência radical e responsabilização institucional.

Perguntas e Respostas

O que é a ADPF 635?
É uma decisão do STF que determina limites à atuação violenta da polícia nas favelas do Rio.

O que o governador disse na reunião?
Que o Estado já iniciou ações previstas pela decisão, como retomada de territórios.

Quem fiscaliza o cumprimento da ADPF?
Um comitê independente, com participação do MP, CNMP e sociedade civil.

O plano apresentado garante direitos nas favelas?
Ainda não. Moradores seguem enfrentando violações e operações letais.

O que a sociedade civil exige?
Transparência, ação concreta e fim da violência institucional contra a população favelada.

JR Vital

JR Vital

JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.

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