Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (29), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi duro ao criticar o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, por alegada inação diante das fraudes no setor de combustíveis. Haddad afirmou que o governo federal vem atuando fortemente no combate ao crime organizado em níveis estratégicos, mas que o estado do Rio não tem colaborado suficientemente para enfrentar os esquemas que irrigam o financiamento das facções criminosas.
“Eu penso que o governador deveria nos ajudar em relação a isso. O governo do estado do Rio tem feito praticamente nada em relação ao contrabando de combustível, que é como se irriga o crime organizado”, declarou Haddad.
O ministro enfatizou que a principal forma de sufocar o crime organizado é combater as fontes financeiras, e apontou que as fraudes tributárias, a adulteração e a simulação de refino nos combustíveis representam a maior parcela dessa receita ilícita no Rio.
Haddad também aproveitou para defender a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança Pública, que tramita no Congresso e que preconiza a integração entre União, estados e municípios na formulação e execução das políticas de segurança, facilitando respostas coordenadas e mais eficazes ao enfrentamento das facções.
As duras declarações de Haddad chegam em meio à repercussão da megaoperação “Contenção” realizada na terça-feira (28) nos Complexos do Alemão e da Penha, que resultou em pelo menos 121 mortos, incluindo quatro policiais, além da prisão de dezenas de envolvidos e apreensão de armamentos.
Na sequência da operação, o governador Castro afirmou que o estado está agindo “sozinho” contra o crime, acusando o governo federal de omissão, o que foi negado pelo Palácio do Planalto, que informou não ter sido acionado para participar ou apoiar a operação.
A tensão entre as esferas de poder reforça a necessidade urgente de maior integração e cooperação nas ações de segurança pública para enfrentar o crime organizado, especialmente em um cenário de grave crise no Rio de Janeiro.
