Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2025 — A operação conjunta das polícias Civil e Militar nas comunidades Gardênia Azul e Cidade de Deus terminou em denúncias de violência e abuso de autoridade. Moradores registraram em vídeo homens feridos sendo colocados em viatura do 18º BPM (Jacarepaguá), enquanto protestavam contra o tratamento dado aos detidos. A ação, voltada contra a expansão do Comando Vermelho, deixou dois mortos, cinco presos e provocou o fechamento de 17 escolas e quatro unidades de saúde.
Vídeo expõe abordagem violenta
Na gravação feita por moradores, o chão da Gardênia Azul aparece coberto de sangue enquanto dois homens, um deles baleado, são colocados na caçamba de uma viatura da PM. A população se aglomera e grita contra os militares, pedindo o fim das represálias.
“Levou tapa na cara, estão indo com baleado. Olha a covardia que a gente sofre. Hora de criança ir pra escola. Não dá mais, que inferno!”, disse uma moradora, chamando os agentes de “desgraçados”.
Outro homem protesta:
“Machucaram o menor aqui, esculachando. Seus fanfarrões! Vocês gostam de esculachar os outros.”
Até o fechamento desta reportagem, a Polícia Militar não respondeu sobre as acusações.
Objetivos e alvos da operação
Segundo a Secretaria de Segurança, a ação foi planejada para conter avanços do Comando Vermelho em áreas anteriormente controladas por grupos paramilitares. Foram apreendidos dois fuzis, uma pistola, um revólver, munições, granadas, um radiotransmissor e um caderno de anotações do tráfico.
Entre os presos estão dois seguranças de Ygor Freitas de Andrade, o “Matuê”, suspeito de assassinar o policial civil José Antônio Lourenço Júnior, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). O traficante não foi localizado.
Durante a manhã, um grupo tentou fechar a Avenida Ayrton Senna incendiando objetos em protesto. As autoridades afirmam que a região vive um ciclo de confrontos cada vez mais violentos devido à disputa por território.
Impactos na vida da população
A Secretaria Municipal de Educação informou que, na Cidade de Deus, 11 escolas foram impactadas e, na Gardênia Azul, outras seis suspenderam as aulas. Quatro unidades de saúde também interromperam o atendimento.
A operação mobilizou o Bope, o 18º BPM, a Subsecretaria de Inteligência da PM, além de equipes da Draco, DRE-CAP e 22ª DP (Penha).
