Rodrigo Bacellar e o desembargador Macário Ramos Júdice Neto.
Atualizado em 16/12/2025 10:57

O desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, integrante do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), foi preso nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025, pela Polícia Federal, durante a segunda fase da Operação Unha e Carne. A investigação apura o vazamento de informações sigilosas relacionadas à Operação Zargun, deflagrada em setembro, que mirou integrantes de uma organização criminosa com atuação no Rio de Janeiro.

Mandados e diligências
A prisão ocorreu na residência do magistrado, na Barra da Tijuca, na Zona Sudoeste do Rio. A operação cumpre um mandado de prisão e dez mandados de busca e apreensão, autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além do Rio, há diligências no Espírito Santo.

Ligação com a Operação Zargun
Macário Ramos Júdice Neto foi o magistrado que expediu, em setembro, o mandado de prisão do então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, no âmbito da Operação Zargun. A apuração busca esclarecer se houve vazamento de dados judiciais sigilosos que comprometeram o cumprimento das ordens.

A Polícia Federal não detalhou o conteúdo apreendido nem o papel específico atribuído ao desembargador. O processo segue sob sigilo judicial.

Bacellar volta ao foco
A nova fase também voltou a atingir o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar, do União Brasil. Ele é alvo de mandados de busca e apreensão nesta terça-feira, após ter sido preso na etapa inicial da investigação.

Bacellar foi solto posteriormente por decisão do plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), mas permanece no centro das apurações conduzidas pela Polícia Federal, sob supervisão do STF.

Como a operação começou
A Operação Unha e Carne ganhou repercussão em 3 de dezembro, quando Rodrigo Bacellar, então presidente da Alerj, foi “convidado” para uma “reunião” com o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Fábio Galvão. Ao chegar, recebeu voz de prisão e teve o celular apreendido.

No veículo do parlamentar, os agentes encontraram R$ 90 mil em espécie. Segundo a Polícia Federal, Bacellar é suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, que resultou na prisão de TH Joias.

TH Joias foi preso por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, sob suspeita de negociar armas para o Comando Vermelho (CV). Ele assumiu o mandato em junho, mas deixou o cargo após a prisão.

Decisão do STF e indícios
O mandado de prisão contra Bacellar foi expedido por Alexandre de Moraes, que também determinou seu afastamento da presidência da Alerj. Na decisão, o ministro apontou “fortes indícios” de participação do parlamentar em organização criminosa.

Segundo o despacho, Bacellar teria atuado pela “obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo estadual”, com risco de continuidade delitiva e interferência indevida nas apurações.

Suspeita de vazamento
A suspeita de alerta prévio surgiu no próprio dia da Operação Zargun. O procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Antonio José Campos Moreira, relatou dificuldades para localizar TH Joias durante o cumprimento dos mandados.

“O parlamentar havia saído do condomínio por volta das 21h40 da véspera, deixando a casa completamente desarrumada, o que pode sugerir fuga e desfazimento de vestígios”, afirmou.

TH Joias não estava em casa quando as equipes chegaram e foi localizado horas depois na residência de um amigo, também na Barra da Tijuca.

A Operação Unha e Carne segue em andamento no STF, e novas medidas não estão descartadas à medida que o material apreendido seja analisado.

- Publicidade -
JR Vital - Diário Carioca
Editor
Siga:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.