GSI dispensou guarda antes de atos, mais de mil golpistas são enviados para a prisão e mais

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) dispensou um pelotão de 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial cerca de 20 horas antes da invasão de bolsonaristas aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no último domingo (8), segundo apuração do Estadão.

No sábado, o pelotão estava reforçado. No dia seguinte, porém, a Esplanada amanheceu com um efetivo menor e praticamente sem equipamentos como escudos, bombas de gás e balas de borracha.

Somente no início da tarde de domingo, o Comando Militar do Planalto (CMP) reenviou o pelotão que havia sido dispensado. A quantidade, ainda assim, foi 15 vezes menor do que o contingente escalado para reprimir a ação de manifestantes contra o então presidente Michel Temer (MDB), em maio de 2017.

Após a primeira tentativa da Polícia Militar de conter os golpistas, às 14h30, o general Geraldo Henrique Dutra Menezes, chefe do CMP, enviou uma tropa de 113 homens e equipamentos de choque.

Apenas após esse envio, o GSI ativou o Plano Escudo, que prevê a proteção ao Planalto, Alvorada, Jaburu e Granja do Torto. Então duas levas de homens foram enviadas a pedido do GSI: uma de 93 e outra de 118 homens.

1.159 golpistas são enviados para a prisão

A Polícia Federal terminou de colher os depoimentos dos bolsonaristas envolvidos nos atos golpistas de domingo. No total, de 1.843 pessoas detidas no acampamento no Quartel-General do Exército, 1.159 foram levadas para a prisão. Outras 684, entre mulheres, idosos e crianças, foram liberados após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

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Bolsonaristas que estavam em acampamento foram levados para galpão do Exército na segunda-feira pela manhã / Mauro Pimentel/AFP

Os homens que continuarão detidos foram encaminhados para o Centro de Detenção Provisória 2, no complexo penitenciário da Papuda, e as mulheres, para Penitenciária Feminina do DF. Além dessas prisões, 209 detenções foram realizadas ainda no domingo pela PM e Polícia Civil do Distrito Federal. A partir de agora, a PF fará investigações individuais. 

Advogado de Lula é ameaçado em aeroporto 

O advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin, foi alvo de ataques dentro de um banheiro do aeroporto de Brasília nesta quarta-feira (11).

A Operação Bastardos Inglórios solicita a identificação do agressor fascista do Advogado Cristiano Zanin em Brasília. Whats: 51996760718. Sigilo Garantido. pic.twitter.com/OGOQvnq0J5

— Leonel Radde (@LeonelRadde) January 11, 2023

O homem responsável pelas ofensas xinga Zanin de “safado” e “vagabundo” e faz ameaças de agressão. “Parece destino. O pior advogado que possa existir na vida aqui. Olha o bandido, o corrupto aqui. Vontade de meter a mão na orelha de um cara desse. […] Tinha que tomar um pau de todo mundo que está andando na rua”, afirma o agressor. Sem responder às agressões, o advogado deixa o banheiro.

Diante do ocorrido, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) irá pedir a instauração de um inquérito para identificar o agressor.

Deputada aciona o MPF após ameaça de morte

A deputada federal eleita Luciene Cavalcante (PSOL-SP), suplente de Marina Silva e Sônia Guajajara na federação entre PSOL e Rede, acionou o Ministério Público Federal após ser alvo de uma ameaça de morte, nesta quarta-feira (11). Cavalcante também registrou um boletim de ocorrência no 77º Distrito Policial da Polícia Civil de São Paulo.

Por e-mail, um homem sugere que Cavalcante “durma de olhos abertos” diante de um possível ataque. “Pode ser uma invasão, um atropelamento, um assalto, um vendedor batendo à sua porta ou até mesmo um aluno”, afirma.


Luciene Cavalcante / Câmara Municipal de São Paulo

O responsável ainda afirmou que tem um quadro da parlamentar em seu quarto, para o qual aponta uma arma de fogo todos os dias. “Irei deixar meu rastro de fúria quando te encontrar”, escreveu por e-mail.

Luciene Cavalcante afirmou que “as ameaças vêm depois dessas ações como uma tentativa de nos calar, de nos intimidar, de colocar o terror, de impor o medo. Mas a gente não vai parar. Nós fomos eleitos democraticamente e vamos exercer toda a nossa potencialidade. Vamos lutar para defender a democracia”.

Edição: Nicolau Soares