Trégua?

Lula responde a Trump: “Sempre estivemos abertos ao diálogo”

Presidente brasileiro rebateu declaração de Donald Trump em meio ao agravamento da crise comercial entre os países

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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
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Brasília, 1º de agosto de 2025 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira que o Brasil “sempre esteve aberto ao diálogo”, em resposta à declaração do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, que disse que o petista poderia ligar para ele “quando quiser”.

“Sempre estivemos abertos ao diálogo. Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições. Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano”, declarou Lula em publicação nas redes sociais.

A resposta ocorre após o governo norte-americano anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, válida a partir de 6 de agosto. A justificativa oficial da Casa Branca é de que ações adotadas pelo governo brasileiro estariam prejudicando empresas e cidadãos dos EUA.

Trump diz que “ama o povo do Brasil”, mas critica governo

O atrito diplomático ganhou novo capítulo nesta sexta-feira. Ao ser questionado pela TV Globo sobre a possibilidade de conversar com Lula, Trump respondeu: “Ele pode falar comigo quando quiser”.

O republicano evitou comentar os termos do tarifaço, mas criticou:

“As pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada.”

Na mesma fala, Trump afirmou que “ama o povo do Brasil”, mas encerrou a entrevista com um enigmático: “Vamos ver o que acontece”.

Entenda o que está em jogo na disputa tarifária entre Brasil e EUA

A sobretaxa anunciada por Washington afeta produtos estratégicos da pauta exportadora brasileira, embora setores como aeronaves civis, petróleo bruto e suco de laranja tenham sido excluídos da lista final após pressão de setores econômicos dos próprios Estados Unidos.

A medida provocou reação imediata do Itamaraty e de entidades industriais no Brasil, que cobram uma reação institucional coordenada. Integrantes da equipe econômica avaliam apresentar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC).

Produtos brasileiros afetados pela tarifa de 50%

ProdutoSetorImpacto estimado
Semimanufaturados de ferroMetalurgiaAlto
Etanol combustívelAgroenergiaMédio
Peças automotivasIndústriaAlto

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (2025)

Entenda o que motivou a resposta de Lula a Donald Trump

O que Trump disse sobre Lula e o diálogo com o Brasil?

Ao ser questionado sobre um possível contato com Lula, o presidente dos EUA respondeu que o líder brasileiro pode ligar “quando quiser”, sem dar sinais de iniciativa própria para diálogo.

Por que Lula respondeu publicamente?

Lula utilizou as redes sociais para reafirmar a soberania brasileira e sinalizar que o governo brasileiro não aceitará imposições unilaterais, além de reforçar que buscará proteger empresas e trabalhadores diante da medida tarifária.

A tarifa de Trump é definitiva?

O decreto já foi assinado, mas interlocutores do governo dos EUA sinalizaram que a lista de produtos pode ser ajustada, caso o Brasil adote medidas recíprocas ou busque negociação formal.

Há impacto imediato nas exportações?

Sim. A partir de 6 de agosto, produtos listados na tarifa estarão sujeitos à nova alíquota, o que pode gerar perdas bilionárias em setores industriais e agrícolas.

Há chance de conversa direta entre os presidentes?

Até agora, não há registro oficial de conversa direta entre Lula e Trump sobre o assunto. Diplomatas brasileiros tentam intermediar um canal formal com o Departamento de Estado norte-americano.

Escalada tarifária pressiona relação bilateral e pode afetar negociações multilaterais

A reação de Lula marca um ponto de inflexão na condução da política externa brasileira diante do governo Trump, que retoma estratégias protecionistas em sua nova gestão. A ausência de diálogo direto entre os dois líderes reforça o distanciamento diplomático que vem se acentuando desde o anúncio das tarifas.

O episódio também acende um alerta para parceiros comerciais do Brasil, que acompanham os desdobramentos com atenção. Setores empresariais cobram transparência e agilidade nas respostas oficiais.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.