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Tarcísio admite que Lula tem reeleição de 2026 “na mão”, dizem aliados

Governador de São Paulo avalia que o petista dificilmente será derrotado, mas critica gastos públicos e situação fiscal do país.

Vanessa Neves
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Vanessa Neves
Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.
Lula e Tarcísio de Freitas, no Palácio do Planalto Foto: Ricardo Stuckert/PR

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem afirmado a interlocutores próximos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caminha para uma reeleição praticamente garantida em 2026. Segundo relatos divulgados pela colunista Bela Megale, do jornal O Globo, o governador avaliou, em conversas reservadas, que o petista “está com a eleição na mão” e que dificilmente será derrotado nas urnas.

As declarações ocorreram após a divulgação da pesquisa Quaest, na quarta-feira (8), que mostrou Lula ainda em posição confortável no cenário eleitoral. Embora a diferença entre aprovação e reprovação do presidente tenha caído 16 pontos em cinco meses, ele mantém 39% das intenções de voto no primeiro turno, contra 18% de Tarcísio. Em um eventual segundo turno, Lula venceria o governador paulista por 12 pontos percentuais de vantagem.

Nos bastidores, aliados de Tarcísio relatam que o governador tem reconhecido o forte apelo popular do petista, sobretudo entre as camadas mais pobres e no Nordeste, e que “dependendo do nome lançado pela direita, Lula poderia até vencer no primeiro turno”.


Tarcísio mira desgaste fiscal do governo Lula

Apesar do reconhecimento, o governador tem apontado o agravamento do quadro fiscal como um dos principais desafios do atual governo. Segundo ele, o aumento de gastos públicos e as dificuldades em equilibrar as contas poderão criar um passivo pesado até o fim do mandato.

A análise surge após a recente articulação de Tarcísio contra a Medida Provisória 1.303/2025, que previa elevação de tributos em substituição ao aumento do IOF. A medida, vista como essencial pelo Planalto para reforçar a arrecadação, acabou sendo derrubada no Congresso após pressão de governadores e da base empresarial.

A movimentação de Tarcísio foi interpretada por aliados e por analistas políticos como uma demonstração de força nacional, revelando que, mesmo focado em São Paulo, o governador mantém articulação ativa em Brasília.

“A derrubada da MP mostrou que Tarcísio ainda joga no tabuleiro federal. Ele tenta parecer gestor técnico, mas continua se movimentando como presidenciável”, disse um dirigente do Centrão ouvido reservadamente pelo Diário Carioca.


Ceticismo no Centrão e cálculo político

Entre líderes do Centrão, as falas do governador são vistas com cautela. Parlamentares avaliam que o discurso de Tarcísio sobre uma possível vitória tranquila de Lula faz parte de uma estratégia de imagem, para reforçar seu perfil de gestor e se afastar momentaneamente da disputa presidencial.

A aposta é que Tarcísio busca reduzir a exposição nacional neste momento para evitar desgastes prematuros, sem descartar uma futura candidatura ao Planalto em 2026.

“Ele quer parecer desinteressado, mas ninguém acredita que esteja fora do jogo. Tarcísio sabe que precisa esperar o momento certo para se colocar”, afirmou um deputado da base conservadora.

Ainda assim, o gesto do governador ao enfrentar o Planalto na questão tributária foi interpretado como sinal de que mantém ambições presidenciais, especialmente diante do enfraquecimento político de Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.


Cenário eleitoral de 2026: vantagem do petismo e impasse da direita

Com Lula ainda consolidado como favorito, a direita enfrenta fragmentação interna e falta de liderança nacional. Enquanto Tarcísio de Freitas tenta equilibrar gestão estadual e articulação política, nomes como Romeu Zema (Novo) e Michelle Bolsonaro surgem como opções frágeis diante da ausência de um projeto unificado.

Segundo analistas ouvidos pelo Diário Carioca, a oposição deve enfrentar dificuldades para reconstruir sua base eleitoral, abalada após os escândalos e derrotas judiciais do bolsonarismo. Nesse contexto, Lula mantém dianteira, impulsionado por políticas sociais e pelo reposicionamento internacional do Brasil.

Entretanto, o governo petista ainda enfrentará pressões econômicas crescentes, especialmente diante da estagnação fiscal e da resistência do Congresso em aprovar medidas de aumento de receita.

Para Tarcísio, esse cenário pode representar o ponto de virada em 2026, caso o desgaste da economia supere o capital político do presidente.

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Vanessa Neves é Jornalista, editora e analista de mídias sociais do Diário Carioca. Criadora de conteúdo, editora de imagens e editora de política.