Ditadura Nunca Mais

Presidente do STM acusa ministro de misoginia após pedido de perdão por morte de Herzog

Presidente do STM, ministra Maria Elizabeth Rocha, rebate críticas misóginas e reafirma pedido de perdão às vítimas da ditadura.

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Maria Elizabeth Rocha - Foto: José Cruz-Agência Brasil

A presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministra Maria Elizabeth Rocha, reagiu nesta terça-feira (4) às críticas do ministro Carlos Augusto Amaral Oliveira, tenente-brigadeiro da Aeronáutica, após ela pedir perdão às vítimas da ditadura militar em ato ecumênico de 2025. O pedido, feito em homenagem aos 50 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, causou controvérsia interna no tribunal.

Gesto histórico e posição da presidente

Maria Elizabeth falou em seu nome e na condição de presidente do STM, pedindo perdão “a todas as vítimas de graves violações de direitos humanos, à sociedade civil e à história do país”. Ela considerou o ato um gesto ético, republicano e constitucionalmente alinhado à memória, à verdade e à não repetição de violências. A ministra destacou que o pedido não teve conotação político-partidária, mas sim responsabilidade pública.

Críticas, misoginia e defesa da magistratura feminina

O ministro Carlos Augusto Amaral Oliveira criticou a fala da presidente, sugerindo que ela deveria “estudar mais a história” do período da ditadura e das pessoas a quem pediu perdão. Ele chamou o gesto de superficial e político, provocando desconforto na ministra, que considerou o comentário um ataque pessoal e misógino, de tom desqualificador e paternalista.

Maria Elizabeth afirmou que a agressão atinge toda a magistratura feminina, reforçando sua proteção e o respeito que deve ser dado às mulheres magistradas. Ela recebeu apoio de juízas, desembargadoras e ministras, e afirmou que a divergência de ideias é legítima, mas que ataques pessoais não são aceitáveis.

Contexto pessoal e compromisso com direitos humanos

Ministra conhecida por perfil progressista, Maria Elizabeth tem na família registros pessoais de perseguição política, incluindo o irmão do marido, militante do MR-8 morto sob tortura no regime. Ela reafirmou seu compromisso com a democracia e os direitos humanos, dizendo que seu posicionamento é pautado na memória e na verdade histórica.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.