Fui investigar. Li a reportagem com atenção e, desde o início, algo me soou errado.
Achei inconsequente a forma como a jornalista constrói essa manchete, porque ela se apoia muito mais em insinuações do que em fatos comprovados.
O texto é construído com base em “relatos” e “seis fontes”, mas curiosamente sem apresentar provas documentais, registros formais ou qualquer ato administrativo concreto que sustente a gravidade da acusação.
Fica tudo no campo da sugestão, que é sempre o terreno preferido quando o objetivo não é informar, mas plantar suspeita.
A narrativa tenta criar um enredo de conflito de interesses ao citar a esposa de Alexandre de Moraes e um contrato milionário com o Master, mas não demonstra relação direta entre esse contrato e qualquer decisão do Banco Central do Brasil.
Não há prova de pedido formal, interferência institucional ou benefício concreto decorrente desse suposto contato com Gabriel Galípolo.
Além disso, “procurar” alguém não é crime, não é irregular por si só e tampouco configura, automaticamente, tráfico de influência.
Autoridades conversam entre si o tempo todo, o que importa é o conteúdo, o resultado e a legalidade desses contatos, elementos que a manchete não entrega.
O título, portanto, cumpre mais uma função política do que jornalística, lança suspeita, alimenta desconfiança e deixa o leitor com a sensação de escândalo mesmo sem evidência material.
É o velho truque do “diz-que-me-disse” embalado como denúncia.
Diante disso, a dúvida não é só legítima, é necessária. Porque jornalismo sério prova. O resto é narrativa.
Nota zero para Malu Gaspar.
