Covardia

Rio Grande do Sul: 6 feminicídios em 24h e nova medida online

Estado registra onda de feminicídios e Polícia Civil lança sistema digital para solicitar proteção

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
As seis vítimas dos casos de feminicídio registrados no RS em 24 horas – Reprodução/RBS TV

Porto AlegreEm menos de 24 horas, seis mulheres foram vítimas de feminicídio no Rio Grande do Sul, segundo a Polícia Civil. Os crimes ocorreram na sexta-feira (18) em diferentes cidades. De acordo com o delegado Fernando Sodré, os casos não têm ligação entre si, mas refletem o mesmo padrão: a violência baseada no machismo estrutural.

Os assassinatos ocorreram em contextos de relacionamentos anteriores ou atuais. Em comum, segundo Sodré, está o “sentimento de posse” que os agressores nutriam em relação às vítimas. A Polícia acredita que o machismo e a misoginia estão no centro desses crimes.

Seis mulheres mortas em 24 horas

  • Caroline Machado Dorneles, de 25 anos, estava grávida e tinha uma filha de 5 anos. Ela foi morta com facadas pelo ex-companheiro, que está foragido.
  • Raíssa Müller, de 21 anos, e o namorado Eric Richard de Oliveira Turato, de 24, foram esfaqueados dentro de casa. O ex-namorado de Raíssa é o suspeito. Ele invadiu o imóvel após ver fotos do casal nas redes sociais. O agressor foi preso após tentativa de suicídio.
  • Uma mulher de 47 anos foi assassinada dentro de casa. O ex-companheiro, de 54 anos, foi preso. A filha da vítima, de 6 anos, presenciou o crime. Os nomes foram preservados.
  • Patrícia Viviane de Azevedo, de 50 anos, levou um tiro na cabeça. Familiares relataram que ela havia encerrado recentemente o relacionamento com o agressor, que fugiu.
  • Jane Cristina Montiel Gobatto, de 54 anos, morreu após ser esfaqueada pelo companheiro, de 64 anos. Ele foi preso em flagrante.
  • Simone Andrea Meinhardt também foi morta a facadas. O autor do crime, seu companheiro, foi detido no local. A polícia recolheu facas sujas de sangue na cena.

Medida protetiva digital começa a funcionar

A partir da próxima semana, mulheres em situação de violência doméstica poderão solicitar medidas protetivas de urgência pela internet no Rio Grande do Sul. O novo sistema permitirá registrar a ocorrência policial e solicitar proteção sem precisar ir até uma delegacia.

O delegado Fernando Sodré explicou que a medida busca alcançar vítimas que não denunciam por medo.
Até 90% das vítimas de feminicídio não têm medida protetiva ativa. Com esse sistema, esperamos ampliar o atendimento e reduzir os casos de feminicídio”, afirmou.

Ferramenta online será lançada na terça-feira

A Polícia Civil planeja lançar oficialmente o novo sistema na terça-feira (22). A data ainda aguarda confirmação.
O registro poderá ser feito de forma virtual, e a medida protetiva poderá ser concedida sem que o agressor tome conhecimento imediato, o que garante mais segurança à vítima.

Segundo o delegado Christian Nedel, diretor do Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis, a medida digital é essencial.

“O mecanismo legal mais crucial que temos hoje é a medida protetiva de urgência”, afirmou.
Ele ressaltou que tanto o boletim físico quanto o digital são fundamentais para interromper o ciclo de violência.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.