Rio de Janeiro, 17 de junho de 2025 — A Petrobras acendeu um sinal de alerta sobre o futuro energético do país. Segundo a diretora de Assuntos Corporativos da estatal, Clarice Coppetti, o Brasil poderá voltar a importar petróleo a partir da década de 2030, caso não avance na exploração de novas reservas.
O recado foi dado durante o evento “Diálogos para a Construção da Estratégia Brasil 2025-2050”, realizado na sede do BNDES, no Rio de Janeiro, promovido pelo Ministério do Planejamento e Orçamento.
Reservas em risco e dependência externa
De acordo com Coppetti, as reservas atualmente em operação, especialmente em águas profundas, são classificadas como “ativos extraordinários” da Petrobras. Ela destacou que a expertise da empresa nesse tipo de exploração é reconhecida globalmente, colocando a estatal entre as líderes mundiais no setor.
Porém, a executiva fez um alerta contundente: se o país não investir imediatamente em novas fronteiras exploratórias, corre o risco de perder a autossuficiência conquistada nas últimas décadas.
“Se o Brasil não incorporar novas reservas, terá, a partir da década de 2030, de importar petróleo”, afirmou.
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Impacto direto na balança comercial e nas metas climáticas
O possível retorno à dependência de petróleo importado não se resume apenas a um problema econômico. Segundo a diretora, isso afetaria diretamente a balança comercial brasileira e colocaria em risco os compromissos assumidos com a descarbonização e a transição energética.
Ela reforçou que o óleo produzido pela Petrobras possui um dos menores índices de emissão de carbono quando comparado ao de outros países produtores. Contudo, uma dependência crescente de petróleo estrangeiro — geralmente mais poluente — poderia enfraquecer os esforços do país na luta contra as mudanças climáticas.
Transição energética em xeque
Para Clarice Coppetti, investir em novas reservas não significa retroceder no compromisso com uma transição energética justa. Pelo contrário, é garantir que o Brasil mantenha segurança energética durante o processo de mudança para matrizes mais limpas, sem abrir mão da sustentabilidade econômica e ambiental.
Ela destacou que o desenvolvimento de novas fronteiras deve ser acompanhado de investimentos na diversificação da matriz energética, preservando os avanços da estatal no campo da sustentabilidade.
Desafio estratégico para o país
O alerta da Petrobras escancara um dilema estratégico: como equilibrar a necessidade de manter a produção de petróleo para garantir segurança energética e, ao mesmo tempo, acelerar a transição para fontes renováveis?
A resposta, segundo a diretora, passa por um modelo de exploração responsável, combinado com avanços tecnológicos que garantam a redução contínua das emissões e o fortalecimento das fontes limpas.
Essa sinalização acende um debate urgente sobre os rumos da política energética brasileira, em meio às pressões internacionais por descarbonização e à realidade de um país que ainda depende, em grande parte, dos combustíveis fósseis para sustentar sua economia.
O Carioca Esclarece:
O Fundo de Participação Especial da Petrobras e os royalties pagos pela exploração de petróleo são fundamentais para as receitas de estados e municípios brasileiros, especialmente nas regiões produtoras.
FAQ
Por que o Brasil pode voltar a importar petróleo?
Porque as reservas atuais estão se esgotando. Sem investimento em novas áreas, a produção cairá e o país dependerá do mercado externo.
Isso compromete as metas ambientais do Brasil?
Sim. O petróleo importado tende a ser mais poluente, o que pode enfraquecer os compromissos com a descarbonização e a transição energética.
Investir em novas reservas não vai contra a transição energética?
Segundo a Petrobras, não. A empresa defende que é possível explorar novas reservas mantendo o foco na transição justa e sustentável, equilibrando produção e investimentos em energia limpa.



