Time da Virada

Como o Vasco da Gama virou o jogo e agora mira vaga na Copa Libertadores da América

Talvez o fator mais concreto dessa recuperação: o Vasco acertou na janela de transferências, fazendo contratações que mudaram o patamar

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Fotos: Matheus Lima/Vasco

O Vasco que há pouco tempo vivia à beira da zona de rebaixamento — ocupando a 17ª posição ao término da 14ª rodada — hoje já respira novo ar no Brasileirão 2025. A virada ocorreu com força, e o time comandado por Fernando Diniz agora ocupa a 8ª colocação, com 42 pontos, graças a quatro vitórias consecutivas — contra Vitória, Fortaleza, Fluminense e Bragantino. Este salto coloca o clube carioca não só fora da briga pelo descenso, mas também na disputa por uma vaga na Libertadores. A seguir, os quatro pilares desta transformação e uma análise aprofundada sobre as chances reais do Vasco retornar à principal competição continental.

Convicção e estabilidade no trabalho

Uma das chaves da evolução do Vasco foi a manutenção da confiança no projeto técnico. Apesar da crise nos resultados, a diretoria manteve Fernando Diniz no cargo e resistiu à pressão de mudanças imediatas. O presidente Pedrinho – Vasco, fã declarado do treinador, apostou na continuidade.

Diniz, por sua vez, manteve sua filosofia de jogo, insistiu em seu modelo tático (com posse, construção da saída desde o goleiro e agressividade ofensiva) e transmitiu ao elenco a convicção de que os resultados apareceriam. Essa paciência — rara em clubes de grande torcida — permitiu ao time superar a fase vulnerável e crescer sem a instabilidade de constantes trocas na comissão técnica.

Esse grau de estabilidade permitiu que o elenco reagisse: antes costurava derrotas que amarravam o time na parte de baixo da tabela; agora, entrega atuações com mais regularidade. A confiança reconquistada fora de campo refletiu-se dentro dele.

Janela de reforços certeira

Talvez o fator mais concreto dessa recuperação: o Vasco acertou na janela de transferências, fazendo contratações que mudaram o patamar. Sob a batuta do executivo Admar Lopes, o clube trouxe nomes que se tornaram titulares:

  • A dupla de zagueiros Carlos Cuesta e Robert Renan reorganizou a defesa — e o Vasco não sofreu gols nos três últimos jogos.
  • Andrés Gómez assumiu a ponta direita, agregando assistências e criatividade — quatro passes para gol, incluindo uma jogada fundamental contra o Bragantino.
  • O retorno antecipado de Barros – Vasco (volante) trouxe consistência ao meio-campo; desde que voltou, o time não perdeu quando ele foi titular.

Essas adições não foram “apenas” nomes: resolveram problemas crônicos de estrutura da equipe (defesa instável, falta de profundidade ofensiva, meio-campo sem pesos). Com isso, o Vasco passou da luta para não cair à ambição internacional.

O protagonismo de Philippe Coutinho

Seus 11 gols no campeonato não estão sozinhos no mérito — mais importante, o camisa 10 Philippe Coutinho passou a jogar 90 minutos com frequência, atingindo seu melhor momento físico desde que voltou ao clube. Ele deixou para trás o ciclo de lesões que o atrapalhava, e agora participa de todas as fases da construção do jogo: sai entre os zagueiros para receber, inspira a transição, finaliza — enfim, assume protagonismo.

Em um time que precisava de liderança técnica, Coutinho se tornou o eixo central. A evolução dele repercute diretamente no rendimento coletivo: quando ele está bem, o Vasco produz mais, cria mais e constrói resultados positivos.

O desabrochar de Rayan

Talvez o mais impressionante da escalada vascaína seja o salto do jovem Rayan – Vasco (19 anos). Ele não só se firmou como titular como se tornou o “decisor” da equipe: 16 gols na temporada, nove deles apenas a partir de agosto. No Brasileirão são 11 gols — entre os artilheiros da competição.

Sob o comando de Diniz, Rayan ganhou liberdade, ousadia e espaço para jogar. Resultado: o garoto que “aparecia de vez em quando” virou peça fundamental. Sua ascensão simboliza uma virada de postura — de time que sofria para vencer, a time que agora fecha jogos quando precisa.

Chances de classificação do Vasco para a Libertadores

A transformação do Vasco posicionou o clube numa zona de aspiração continental, mas o desafio ainda é grande.

  • Segundo o Departamento de Matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), após a vitória sobre o Bragantino, o Vasco atingiu cerca de 18,3% de chance de se classificar para a Libertadores de 2026.
  • Outras fontes indicavam estimativas menores, como 11,8% em outro momento. 
  • Sobre as odds das casas de apostas: um levantamento aponta que as apostas para o Vasco terminar entre os seis primeiros (G6) estavam com odds em torno de 15,00 — o que implica uma probabilidade estimada de cerca de 6,6% (1/15). Essas apostas podem ser feitas em qualquer plataforma de 2 reais de depósito mínimo, possibilitando a qualquer torcedor apostar com responsabilidade.

Essas estatísticas e apostas mostram que, embora o cenário seja animador, a vaga na Libertadores ainda é algo a ser conquistado com trabalho e consistência. O Vasco precisa manter o nível elevado nas rodadas restantes, somar pontos contra adversários diretos e acompanhar tropeços de concorrentes.

O Vasco é o Time da Virada

A virada do Vasco da Gama mostra que, em futebol, paciência, planejamento e execução ainda fazem diferença. De clube que mirava apenas a fuga do Z4, transformou-se em candidato à Libertadores. As quatro razões citadas — convicção, reforços, liderança técnica e ascensão de jovens — explicam essa transformação com clareza.

Claro: o caminho ainda está longe de ser trilhado por completo. As estatísticas não dão vitória antecipada, mas sim condições para brigar. E na reta final do Brasileirão, cada erro pode custar caro. O Vasco agora precisa provar que a virada não foi acaso — mas sim parte de uma ambição maior.

A torcida, por sua vez, pode voltar a sonhar. Mas o sonho só se concretizará se o time mantiver o foco, somar os pontos que ainda restam e não perder o momento. Se fizer isso, o gol da Libertadores pode estar mais próximo do que a maioria imaginava quando o time ocupava o 17º lugar.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.