O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (8) que Israel e o grupo Hamas aprovaram a primeira fase do acordo de paz elaborado por Washington para encerrar a guerra na Faixa de Gaza, que completa dois anos. O entendimento prevê a libertação de todos os reféns israelenses e a retirada gradual das tropas de Tel Aviv até uma linha previamente acordada. A assinatura do documento está marcada para quinta-feira (9), no Egito, segundo fontes diplomáticas ouvidas pela AFP.
Trump celebra “evento histórico” e agradece mediadores
Em publicação na rede Truth Social, Trump afirmou estar “muito orgulhoso” por ter mediado o entendimento entre as partes e classificou o resultado como um “evento histórico e sem precedentes”.
“O acordo garantirá a libertação de todos os reféns e uma retirada responsável das tropas israelenses”, escreveu o republicano, agradecendo aos mediadores do Catar, Egito e Turquia “pelo papel essencial neste evento histórico”.
O acerto marca o maior avanço diplomático desde o início da guerra em 2023 e sinaliza a tentativa de Trump de retomar protagonismo internacional em meio à campanha eleitoral americana.
Netanyahu confirma adesão e elogia Trump
Logo após o anúncio, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, declarou que o gabinete de guerra se reunirá para aprovar formalmente o texto.
“Com a ajuda de Deus, traremos todos para casa”, afirmou Netanyahu, elogiando Trump por sua “liderança e compromisso inabalável com Israel”.
O premiê classificou o plano como um “sucesso diplomático e uma vitória moral” para o Estado israelense, embora a direita do país — especialmente dentro de seu próprio governo — tenha demonstrado resistência a uma retirada militar ampla.
Hamas confirma acordo e cobra garantias
O Hamas também confirmou a aceitação da primeira fase do acordo, mas pediu garantias internacionais de que Israel cumprirá todos os termos. O grupo deve libertar 20 reféns vivos em troca da soltura de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos.
O Exército israelense estima que ainda haja 28 reféns em Gaza, dos quais 26 estariam mortos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, elogiou a iniciativa e pediu a todas as partes que “respeitem integralmente o plano de paz”.
Fontes diplomáticas indicam que o Hamas vê no acordo a possibilidade de garantir uma trégua duradoura e melhores condições humanitárias em Gaza, devastada por dois anos de bombardeios e bloqueios.
Estrutura do plano: cessar-fogo e retirada escalonada
A proposta americana, composta por 20 pontos, estabelece um cessar-fogo imediato, seguido por retirada parcial das tropas israelenses até uma linha de segurança supervisionada por observadores internacionais.
O plano também prevê:
- Administração provisória de Gaza por um organismo internacional liderado por Trump, com participação do ex-premiê britânico Tony Blair;
 - Missões humanitárias coordenadas pela ONU, com foco em reconstrução e assistência médica;
 - Discussão futura sobre o status político de Gaza, incluindo pressões de países árabes pela criação de um Estado palestino — ponto rejeitado por Netanyahu.
 
Entre os presentes nas negociações estão Jared Kushner e Steve Witkoff, enviados de Trump, o ministro israelense Ron Dermer, o premiê do Catar Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, e o chefe da inteligência turca Ibrahim Kalin, reforçando o papel de Ancara nas tratativas.
Guerra deixa mais de 67 mil mortos palestinos
Segundo dados reconhecidos pela ONU, a ofensiva israelense desde 2023 já deixou mais de 67 mil mortos palestinos. No dia do anúncio, Israel reduziu os bombardeios sobre a Cidade de Gaza a pedido de Trump, mas ainda realizou ataques que mataram oito pessoas.
O conflito começou em 7 de outubro de 2023, após ataques do Hamas que mataram 1.200 israelenses e resultaram no sequestro de 251 reféns, desencadeando uma guerra que devastou Gaza e ampliou o isolamento diplomático de Israel.
Incógnita sobre o futuro político de Gaza
Apesar do avanço diplomático, ainda não há definição sobre quem governará Gaza após o cessar-fogo. Países árabes pressionam pela criação de uma autoridade palestina unificada, enquanto Trump insiste em uma administração provisória internacional, sob coordenação americana.
Analistas apontam que a proposta representa uma vitória simbólica de Trump — que tenta se consolidar como articulador global — e uma saída tensa para Israel e Hamas, obrigados a aceitar uma solução mediada por Washington.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		