Uma ala do Partido Liberal (PL), ligada ao Centrão, abriu negociações em defesa de uma alternativa à anistia irrestrita para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A proposta, segundo apuração do Globo, prevê alterações no Código Penal que poderiam reduzir as penas de Bolsonaro — condenado a 27 anos e três meses — e até permitir o cumprimento em prisão domiciliar.
A movimentação, porém, gerou forte reação no núcleo bolsonarista. Para os filhos do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), qualquer tentativa de costurar um “meio-termo” enfraquece a narrativa de perseguição política e mina a principal bandeira do grupo: a anistia total.
Conflito entre o clã e Valdemar Costa Neto
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, é apontado como articulador das negociações. Em encontro recente, tentou convencer Bolsonaro a aceitar a proposta de dosimetria penal, mas encontrou resistência. Eduardo chegou a ameaçar deixar a legenda, acusando Valdemar de agir em “conluio” com o Centrão e até com governadores da direita, como Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
Em entrevista, Valdemar afirmou que a proposta de redução de penas não equivale a uma anistia, mas seria mais viável no Congresso: “Redução de penas não é o melhor caminho. Anistia é anistia. Redução de pena é só mudar a lei penal. Se tiver acordo, aprovamos em dois dias”. A declaração acirrou ainda mais o embate interno.
Resistência e acusações de traição
Aliados próximos a Bolsonaro, como Fabio Wajngarten, reforçaram que as negociações acontecem “sem autorização do Bolsonaro” e chamaram de “malucos” os defensores da proposta. Para o núcleo mais fiel ao ex-presidente, qualquer alternativa que não seja a anistia plena representa traição política.
O impasse expõe a divisão no PL entre a ala pragmática, que busca uma solução negociada no Congresso, e o clã Bolsonaro, que aposta na radicalização para manter a mobilização de sua base eleitoral. A disputa promete ampliar tensões internas e definir os rumos da estratégia da direita rumo a 2026.


