A aprovação de Lula cresceu entre os brasileiros mais ricos após o diálogo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Donald Trump, durante a Assembleia Geral da ONU, no fim de setembro. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (8), 45% dos eleitores que ganham acima de cinco salários mínimos avaliam positivamente o governo — um salto de oito pontos em relação a setembro, quando o índice era de 37%.
Alta na elite reflete efeito do diálogo internacional
O levantamento aponta que a desaprovação nesse grupo caiu de 60% para 52%, marcando a primeira mudança fora da margem de erro desde maio. Para os analistas da Quaest, a aproximação diplomática com os Estados Unidos foi determinante para essa melhora. A conversa entre Lula e Trump, que sinalizou a disposição do Brasil em ampliar o diálogo econômico com Washington, parece ter agradado empresários e investidores — públicos tradicionalmente mais céticos em relação ao governo petista.
Segundo o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest, “o aumento da aprovação de Lula entre os mais ricos reflete o interesse desse público em uma possível redução das tensões econômicas com os Estados Unidos”. Ele destacou ainda que a iniciativa foi vista como um gesto pragmático e responsável no campo internacional, o que reforça a imagem de estabilidade buscada pelo governo.
“Há um contingente de pessoas com renda familiar acima de R$ 5 mil que será beneficiado pela isenção do Imposto de Renda. Isso cria uma expectativa positiva”, afirmou Nunes.
Renda média e baixa mantêm estabilidade
Entre os brasileiros que ganham até dois salários mínimos, o apoio ao governo permaneceu em 54%, enquanto a desaprovação subiu levemente de 41% para 43%. Já na faixa intermediária — entre dois e cinco salários mínimos — os números ficaram praticamente estáveis, com 46% de aprovação e 51% de rejeição.
Esses dados mostram que a aprovação de Lula mantém uma base sólida nas camadas populares, enquanto o movimento de recuperação entre os mais ricos indica um cenário político mais equilibrado. A mudança também reflete o efeito combinado do avanço da reforma tributária e da proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, defendida pelo governo como medida de justiça fiscal.
Impacto político e econômico
O telefonema entre Lula e Trump, ocorrido em 6 de outubro, reforçou o canal de aproximação e abriu a possibilidade de um encontro presencial. Embora o contato tenha acontecido após a coleta de dados, a tendência de melhora já havia sido detectada pela Quaest.
O resultado, segundo analistas, fortalece o discurso do Palácio do Planalto de que a política externa brasileira busca equilíbrio, diálogo e protagonismo global — sem alinhamentos automáticos. Esse reposicionamento, somado à expectativa de crescimento econômico, pode ter impulsionado a imagem de Lula entre setores empresariais e profissionais liberais de alta renda.
Além disso, a agenda de justiça fiscal e o compromisso com a estabilidade monetária ajudam a aproximar o governo de setores historicamente mais críticos. Em meio a desafios como a inflação e a retomada do investimento produtivo, o avanço na aprovação de Lula sinaliza um ambiente político mais favorável para a implementação das reformas.
Contexto da pesquisa
A Genial/Quaest ouviu 2.004 pessoas presencialmente entre os dias 2 e 5 de outubro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para o total da amostra e de quatro pontos no recorte por renda. A pesquisa foi conduzida de forma independente e registrada junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


