Antecipação

Barroso anuncia aposentadoria antecipada do STF

Jorge Messias desponta como favorito à vaga

JR Vital
por
JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Foto: © Antônio Augusto/STF

O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira (9) que deixará o Supremo Tribunal Federal (STF) antes do prazo legal, encerrando uma trajetória de mais de 12 anos na Corte. A decisão, que vinha sendo amadurecida desde sua saída da presidência do tribunal, já movimenta os bastidores do governo e do Judiciário. Ao final de seu discurso, Barroso foi aplaudido de pé pelos demais ministros.

“É hora de seguir novos rumos. Não tenho apego ao poder e gostaria de viver a vida que me resta sem as responsabilidades do cargo. Os sacrifícios e os ônus da nossa profissão acabam se transferindo aos familiares e às pessoas queridas”, afirmou Barroso. “Foi uma decisão longamente amadurecida que nada tem a ver com fatos da conjuntura atual. Há dois anos, comuniquei o presidente da República (Lula) sobre essa possível intenção. Essa é a última sessão plenária de que participo.”

A aposentadoria, inicialmente prevista para 2033 — quando completaria 75 anos — será precedida de um retiro espiritual ainda este mês, para definir os detalhes da saída. Barroso já comunicou sua decisão ao presidente do STF, Edson Fachin, e a ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).


🏛 Carreira no STF

Indicado ao Supremo em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff, Barroso consolidou sua carreira como defensor de causas constitucionais e direitos fundamentais. Durante seus 12 anos como ministro, atuou em casos de grande repercussão, como:

  • Suspensão de despejos durante a pandemia de covid-19;
  • Autorização de transporte gratuito nas eleições de 2023;
  • Limitação do foro privilegiado para autoridades públicas;
  • Discussão sobre o porte de maconha para uso pessoal;
  • Execução de ações penais do mensalão;
  • Coordenação do julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro, envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Barroso também foi relator de ações que impactaram políticas públicas, como o piso nacional da enfermagem, o Fundo do Clima, candidaturas avulsas, proteção aos povos indígenas e defesa contra despejos.


🔹 Possíveis sucessores

O anúncio da aposentadoria intensifica as articulações para a indicação de seu sucessor, que será a 11ª nomeação de Lula ao STF. Entre os principais nomes cotados estão:

  • Jorge Messias, advogado-geral da União, de confiança do presidente, com perfil técnico e político alinhado ao governo;
  • Bruno Dantas, presidente do TCU;
  • Rodrigo Pacheco, senador e presidente do Senado;
  • Vinícius Carvalho, ministro da CGU.

Fontes ouvidas pelo GLOBO avaliam que a sucessão não deve trazer grandes surpresas, com Messias despontando como favorito e podendo permanecer na Corte por até três décadas, caso seja indicado. A escolha dependerá da estratégia política de Lula, especialmente diante das eleições de 2026.


📚 Formação e trajetória

Natural de Vassouras (RJ), Barroso é graduado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde é professor titular de Direito Constitucional. Possui mestrado em Yale (EUA), doutorado na Uerj e pós-doutorado em Harvard (EUA).

https://www.diariocarioca.com/wp-content/uploads/2025/09/Parimatch-728-90.jpg
Seguir:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.