O pastor evangélico Silas Malafaia (Assembleia de Deus Vitória em Cristo) transformou seu discurso no ato bolsonarista deste domingo (7), na Avenida Paulista, em um espetáculo de vitimização e ataque às instituições democráticas.
Em tom inflamado, disse ser alvo de perseguição do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “traidor da pátria”.
O evento, marcado pela defesa da anistia aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, reuniu apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e lideranças da extrema-direita.
Tentativa de vitimização
Malafaia reclamou da apreensão de seu passaporte, celular e cadernos pessoais pela Polícia Federal, medidas judiciais tomadas no âmbito da investigação da trama golpista. Ele classificou as ações como perseguição religiosa e atacou o STF:
“É crime dar opinião? É crime influenciar? Nós somos seres sociais.”
Chamando Moraes de “ditador de toga”, o pastor usou a fé como escudo retórico para blindar sua própria participação nas investigações.
Recado à direita e fidelidade a Bolsonaro
O líder religioso também direcionou críticas a setores da direita que discutem alternativas a Bolsonaro para 2026:
“Que história é essa de dizer que A, B ou C é candidato da direita? Calem a boca.”
No encerramento, elevou o tom emocional, dirigindo-se diretamente a Bolsonaro, enquanto uma música lenta era tocada. Citou medidas cautelares impostas ao ex-presidente — como tornozeleira eletrônica e proibição de uso de redes sociais — e afirmou que o país vive sob uma democracia “falseada”. Michelle Bolsonaro chorou durante o discurso.
Investigações da PF
A Polícia Federal aponta que Malafaia atuou em articulação com outros investigados para coagir ministros do STF e disseminar narrativas falsas sobre a tentativa de golpe. Conversas obtidas pelos investigadores revelaram ataques a aliados do próprio bolsonarismo, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem chamou de “babaca” e “estúpido” após o episódio da sobretaxa de 50% imposta ao Brasil pelo governo de Donald Trump.
Mesmo sob investigação, Malafaia reforçou sua lealdade a Bolsonaro e atacou lideranças religiosas que se mantêm em silêncio diante das acusações.
“Sou aliado, não alienado nem bolsominion.”