O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado atribuída a Jair Bolsonaro (PL) e outros réus registrou novo momento de tensão nesta terça-feira (9). Uma intervenção do ministro Luiz Fux para barrar um aparte solicitado por Flávio Dino a Alexandre de Moraes gerou bate-boca no plenário e evidenciou as fraturas entre os magistrados.
Tudo começou quando Dino, atual integrante da Corte e ex-ministro da Justiça, pediu a palavra para comentar operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Antes de Moraes se manifestar, Fux interrompeu, lembrando que havia acordo para que não houvesse apartes durante os votos. “Não permitirei apartes em meu voto”, declarou.
Moraes rebateu de imediato: “Mas ministro Fux, esse aparte foi pedido a mim, não a vossa excelência”. A resposta arrancou risos contidos no plenário e deixou claro o desconforto entre os colegas. Dino encerrou o embate com ironia: “E eu tranquilizo, ministro Fux, que não pedirei a vossa excelência. Pode dormir em paz”.
Sessão marcada por ironias e tensões
A troca de farpas não foi isolada. O julgamento já vinha sendo permeado por críticas e provocações veladas entre os ministros, num processo que envolve diretamente a estabilidade democrática do país. Ao longo da sessão, votos e manifestações demonstraram a dificuldade da Corte em manter a solenidade diante da gravidade das acusações contra o ex-presidente e seus aliados.
Analistas apontam que episódios como o protagonizado por Fux, Moraes e Dino não apenas revelam fissuras internas, mas também alimentam a narrativa política em torno do julgamento. A cena repercutiu entre parlamentares e reforça a pressão sobre o STF, que tem sido alvo de críticas intensas de setores alinhados ao bolsonarismo.
Impacto político do julgamento de Bolsonaro
O caso de Jair Bolsonaro e dos demais acusados, que envolve alegações de tentativa de golpe de Estado e articulações contra o processo democrático, está no centro da disputa política nacional. O embate desta terça-feira expõe não apenas a dificuldade de consenso no STF, mas também a relevância do tribunal no cenário político atual.
Enquanto o processo avança, cresce a expectativa sobre as consequências jurídicas e políticas das decisões, que poderão redefinir o papel de Bolsonaro e de sua base na cena institucional brasileira. A tensão no plenário sinaliza que a Corte seguirá no centro da disputa, tanto no campo jurídico quanto no político.