Brasília, 6 de agosto de 2025 — O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou nesta quarta-feira (6) que rejeita o acordo supostamente articulado entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil) e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para a retirada de sua tornozeleira eletrônica. A proposta envolveria a suspensão temporária de seu mandato, com posse de sua suplente, classificada por ele como “de esquerda”.
Segundo o parlamentar, a negociação buscava encerrar a crise instalada após sua condução coercitiva pela Polícia Federal (PF), no início de agosto, para o uso do equipamento de monitoramento determinado pelo ministro Alexandre de Moraes. A decisão foi motivada pela desobediência à ordem judicial de entrega do passaporte, quando o senador retornava dos Estados Unidos.
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Crise no Senado: tornozeleira e Conselho de Ética
De acordo com o colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, o plano discutido previa que o Senado solicitasse a revisão das medidas cautelares, enquanto, em contrapartida, a Mesa Diretora da Casa aplicaria uma suspensão temporária ao mandato de Marcos do Val, com base no regimento interno e no artigo que trata da divulgação de documentos sigilosos.
O senador responde por ter divulgado relatórios secretos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) relacionados aos atos golpistas de 8 de Janeiro.
No entanto, Marcos do Val afirmou não aceitar a proposta.
“Querem que eu aceite um acordo para deixar o mandato e, no meu lugar, assuma a minha suplente, que é de esquerda. Isso não vai acontecer”, declarou o senador.
“Nem eu nem a oposição aceitamos esse acordo. Rejeito. O que queremos é que tirem as medidas cautelares impostas contra mim para não haver confronto institucional com o Senado”, completou.
Negociação sem consenso e impasse com o STF
A reunião entre Davi Alcolumbre e os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, segundo a apuração, visava aliviar o tensionamento crescente entre o Legislativo e o Judiciário diante da resistência de setores bolsonaristas às decisões do STF.
A tornozeleira eletrônica foi instalada após o senador descumprir medidas anteriores impostas pelo Supremo. Ao aterrissar em Brasília vindo dos Estados Unidos, Marcos do Val foi levado pela PF diretamente para a instalação do dispositivo. A medida é parte do inquérito que apura tentativas de interferência nas investigações dos atos antidemocráticos.
A defesa do senador também pede que as medidas cautelares sejam revistas sem condicionantes políticos ou regimentais, o que evidencia o clima de impasse entre os Poderes.
O que está em jogo
A recusa em aceitar o acordo revela um conflito institucional latente. A presença de uma tornozeleira eletrônica no plenário do Senado escancara a escalada de embates entre a ala bolsonarista e o Supremo. A possibilidade de suspensão do mandato por iniciativa da própria Casa Legislativa abre caminho para novas disputas jurídicas e políticas, com impactos diretos na governabilidade e na estabilidade institucional.

			
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
		
                               
                             
		
		
		
		
		
		
		
		