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Marcos do Val rejeita acordo com STF para retirar tornozeleira eletrônica

Senador acusa articulação para substituí-lo por suplente de esquerda e nega renúncia ao mandato

JR Vital
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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Senador Marcos do Val mostrando sua tornozeleira eletrônica na Casa Legislativa • Reprodução

Brasília, 6 de agosto de 2025 — O senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirmou nesta quarta-feira (6) que rejeita o acordo supostamente articulado entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil) e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para a retirada de sua tornozeleira eletrônica. A proposta envolveria a suspensão temporária de seu mandato, com posse de sua suplente, classificada por ele como “de esquerda”.

Segundo o parlamentar, a negociação buscava encerrar a crise instalada após sua condução coercitiva pela Polícia Federal (PF), no início de agosto, para o uso do equipamento de monitoramento determinado pelo ministro Alexandre de Moraes. A decisão foi motivada pela desobediência à ordem judicial de entrega do passaporte, quando o senador retornava dos Estados Unidos.

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Crise no Senado: tornozeleira e Conselho de Ética

De acordo com o colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, o plano discutido previa que o Senado solicitasse a revisão das medidas cautelares, enquanto, em contrapartida, a Mesa Diretora da Casa aplicaria uma suspensão temporária ao mandato de Marcos do Val, com base no regimento interno e no artigo que trata da divulgação de documentos sigilosos.

O senador responde por ter divulgado relatórios secretos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) relacionados aos atos golpistas de 8 de Janeiro.

No entanto, Marcos do Val afirmou não aceitar a proposta.

“Querem que eu aceite um acordo para deixar o mandato e, no meu lugar, assuma a minha suplente, que é de esquerda. Isso não vai acontecer”, declarou o senador.
“Nem eu nem a oposição aceitamos esse acordo. Rejeito. O que queremos é que tirem as medidas cautelares impostas contra mim para não haver confronto institucional com o Senado”, completou.


Negociação sem consenso e impasse com o STF

A reunião entre Davi Alcolumbre e os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, segundo a apuração, visava aliviar o tensionamento crescente entre o Legislativo e o Judiciário diante da resistência de setores bolsonaristas às decisões do STF.

A tornozeleira eletrônica foi instalada após o senador descumprir medidas anteriores impostas pelo Supremo. Ao aterrissar em Brasília vindo dos Estados Unidos, Marcos do Val foi levado pela PF diretamente para a instalação do dispositivo. A medida é parte do inquérito que apura tentativas de interferência nas investigações dos atos antidemocráticos.

A defesa do senador também pede que as medidas cautelares sejam revistas sem condicionantes políticos ou regimentais, o que evidencia o clima de impasse entre os Poderes.


O que está em jogo

A recusa em aceitar o acordo revela um conflito institucional latente. A presença de uma tornozeleira eletrônica no plenário do Senado escancara a escalada de embates entre a ala bolsonarista e o Supremo. A possibilidade de suspensão do mandato por iniciativa da própria Casa Legislativa abre caminho para novas disputas jurídicas e políticas, com impactos diretos na governabilidade e na estabilidade institucional.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.