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Parlamentar?: Hélio Lopes retoma protesto com “jejum de palavras”

Deputado do PL foi removido de acampamento próximo ao STF por ordem judicial

JR Vital
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JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
Deputado Hélio Lopes faz novo protesto após ser retirado de acampamento em Brasília. STF proíbe atos próximos à Praça dos Três Poderes.

Brasília – 29 de julho de 2025 – O deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), conhecido como Hélio Negão, anunciou a retomada do chamado “jejum de palavras” após ser removido por ordem judicial de um acampamento montado nas imediações do Supremo Tribunal Federal (STF).

A decisão, emitida pelo ministro Alexandre de Moraes, atendeu pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e proibiu qualquer instalação do tipo em um raio de 1 km da Praça dos Três Poderes, na capital federal.


Decisão do STF veta acampamentos e prevê prisão em flagrante

No despacho, Moraes determinou a remoção imediata de Hélio Lopes e de outros parlamentares envolvidos no ato, entre eles:

  • Sóstenes Cavalcante (PL-RJ)
  • Cabo Gilberto Silva (PL-PB)
  • Coronel Chrisóstomo (PL-RO)
  • Rodrigo da Zaeli (PL-MT)

A medida também autorizava a prisão em flagrante por desobediência e intimava o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), a impedir novos acampamentos no local. A justificativa central da decisão foi a preservação da ordem pública e a prevenção de manifestações violentas semelhantes aos atos de 8 de janeiro de 2023.

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“É uma guerra espiritual”, diz deputado nas redes

Em publicação no X (antigo Twitter), Hélio Lopes reafirmou o caráter simbólico e religioso do protesto:

Sigo em jejum de palavras, em oração e vigilância, porque não é só uma luta política, é uma guerra espiritual”.

O deputado compartilhou uma imagem em que aparece com esparadrapo sobre a boca, gesto que já havia adotado durante o protesto. Ele afirmou também ter assinado um requerimento de criação de CPI contra o ministro Alexandre de Moraes, alegando que:

Quem se curva dos homens nunca vai se manter firme diante de Deus. A liberdade vale mais do que o conforto da omissão”.


Protesto incluía Bíblia, Constituição e acampamento improvisado

Antes da ordem judicial, Hélio Lopes havia divulgado em suas redes sociais vídeos do protesto. Em uma das gravações, ele aparecia montando uma barraca de acampamento, segurando uma Bíblia e um exemplar da Constituição Federal. A ação foi descrita como:

Um sinal de luto democrático e inconformismo com o silêncio forçado que se abateu sobre lideranças políticas no Brasil”.

A manifestação foi classificada pelo parlamentar como “pacífica e solidária”.


Entenda as críticas de Hélio Lopes sobre o STF

Por que Hélio Lopes iniciou o protesto?
O deputado afirma que protestava contra decisões judiciais que, segundo ele, limitam a atuação de parlamentares da oposição. A ação simboliza, de acordo com sua narrativa, uma defesa da liberdade de expressão e da fé cristã no Congresso.

O que diz o STF sobre manifestações desse tipo?
A Corte considera que acampamentos em áreas institucionais configuram risco à ordem pública, especialmente após os ataques de 8 de janeiro de 2023. Por isso, determinou a retirada imediata dos envolvidos.

Qual foi a reação de outros parlamentares?
Deputados como Coronel Chrisóstomo reagiram publicamente. Ele publicou o despacho judicial com a legenda: “Querem nos prender”. A reação demonstra alinhamento do grupo com a narrativa de perseguição política.

Hélio Lopes será investigado?
Até o momento, não há informações sobre abertura de inquérito específico contra Lopes. No entanto, o não cumprimento da ordem judicial poderia acarretar prisão em flagrante, conforme autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes.


Conflito entre Judiciário e bancada bolsonarista se intensifica

A retomada do “jejum de palavras” por Hélio Lopes representa mais um capítulo no embate entre a ala bolsonarista do Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. A repressão a atos de natureza simbólica e religiosa tem sido interpretada por parlamentares da oposição como censura. Para o STF, no entanto, trata-se de uma medida preventiva diante da escalada de discursos radicais. A tentativa de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra Moraes deve gerar novos tensionamentos no segundo semestre legislativo.

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JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.