Brasília, 16 de junho de 2025 — O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), outrora garoto-propaganda da extrema-direita, agora enfrenta uma verdadeira avalanche de críticas, ataques e memes vindos justamente de quem o alçou ao estrelato: o próprio bolsonarismo.
O racha começou em 2024, quando Nikolas decidiu apoiar o influenciador digital Pablo Marçal (PRTB) na disputa pela prefeitura de São Paulo, contrariando o acordo do PL com o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). Desde então, o mineiro vem adotando um discurso cada vez mais centrado em sua própria imagem — e cada vez mais distante da cartilha da família Bolsonaro.
O clima azedou de vez quando Nikolas começou a se recusar publicamente a apoiar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em sua tentativa de viabilizar uma candidatura ao Senado em 2026. Enquanto Eduardo tenta se manter relevante nas redes, o mineiro se aproxima de figuras que fazem duras críticas ao bolsonarismo — incluindo o polêmico influenciador Renato “38tão”, que já chamou Jair Bolsonaro de “cadela do PT”.

Não demorou para que os ataques se tornassem pessoais. Grupos bolsonaristas no Telegram, perfis de direita no X (antigo Twitter) e influenciadores começaram a tachar Nikolas de “traidor”, “leproso” e — na gíria da internet — “biscoiteiro”, acusando-o de estar mais interessado em curtidas e engajamento do que em qualquer projeto político real.
Um dos memes mais compartilhados mostra Nikolas, ao lado de outros bolsonaristas em crise — como Ricardo Salles, Deltan Dallagnol, Marcel Van Hattem e Luiz Philippe de Orléans e Bragança — segurando biscoitos. A legenda é ácida: “Tropa do biscoito. O maior desafio é descolar do Bozo sem perder os seguidores dele”.
Nos bastidores do PL, aliados de Eduardo Bolsonaro reclamam que Nikolas vem roubando protagonismo em eventos e agendas que deveriam servir para impulsionar o filho do ex-presidente. Para completar, Nikolas passou a defender uma proposta de Emenda Constitucional que reduziria a idade mínima para candidaturas ao Senado — uma mudança que, não por acaso, favoreceria diretamente seus próprios planos eleitorais.
A percepção, até entre setores da direita, é de que Nikolas Ferreira deixou de ser um soldado do bolsonarismo para se tornar um projeto pessoal ambulante. Como sintetizou um usuário em um dos grupos bolsonaristas: “Antigamente, ele fazia de tudo pra estar na foto com o Eduardo. Hoje, trata o cara como se fosse um leproso. Ingratidão total.”
O episódio é mais um capítulo da crise que corrói a extrema-direita brasileira desde a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Com o avanço de investigações, prisões e o enfraquecimento da influência digital do clã, cresce o número de ex-bolsonaristas que tentam se reinventar politicamente — nem sempre com sucesso.
Segundo análise do Diário Carioca, o rompimento de Nikolas reflete não apenas uma crise de lideranças, mas também a disputa feroz por espaço num campo político onde a lealdade é moeda cara, e a traição, punida com cancelamento instantâneo.
O Carioca Esclarece: O termo “biscoiteiro” é usado nas redes para descrever alguém que busca atenção e validação, muitas vezes sem compromisso real com suas causas.
Entenda
Por que Nikolas Ferreira está sendo atacado pelos bolsonaristas?
Porque rompeu alianças com a família Bolsonaro, apoiou candidaturas fora do eixo bolsonarista e adotou discurso mais centrado em sua própria imagem.
Nikolas ainda faz parte do PL?
Sim, mas enfrenta forte resistência interna, especialmente dos aliados de Eduardo Bolsonaro, que o acusam de traição.
Quais são os planos de Nikolas para 2026?
Defende uma PEC que reduz a idade mínima para disputar o Senado, sinalizando sua intenção de concorrer ao cargo.



