Medo e Delírio

Réu Bolsonaro diz ser alvo da “maior perseguição da história”

Ex-presidente critica investigações e ataques políticos em mensagem enviada a apoiadores, antes de julgamento no STF.
26 de março de 2025
Leia em 6 mins
Bolsonaro - foto: Isac Nóbrega/Presidência da República
Bolsonaro - foto: Isac Nóbrega/Presidência da República

RIO DE JANEIRO – 26 de março de 2025 – O ex-presidente Jair Bolsonaro enviou uma mensagem a seus apoiadores, nesta quarta-feira (26), alegando ser vítima da “maior perseguição da história”. A mensagem foi encaminhada horas antes do seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), onde ele se tornou réu por tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro, que se diz injustiçado, nega qualquer envolvimento nas ações de 8 de janeiro de 2023.

O ex-presidente descreveu, no texto, que nunca havia sido tão investigado e atacado em sua vida, destacando que sua família também sofreu perseguições. Ele reafirmou que se afastou do Brasil após as eleições de 2022 para o bem de todos, incluindo do então adversário político. Bolsonaro também criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, afirmando que ele exerce múltiplas funções no processo, o que considera um erro jurídico. A mensagem foi enviada por Jair Bolsonaro em um momento de tensão política, enquanto ele é investigado por sua possível participação em eventos que buscaram desestabilizar a democracia no Brasil.

As acusações e as críticas à investigação

Na mensagem, o ex-presidente detalha sua visão sobre as acusações, afirmando que a acusação de tentativa de golpe de Estado é infundada. Bolsonaro reitera que nunca desejou ou promoveu uma ruptura democrática. Ele destaca que as mudanças no comando das Forças Armadas, feitas durante seu governo, ocorreram de forma legal e sem contestação. Além disso, ele reforça que, no dia 8 de janeiro de 2023, não estava em Brasília e repudiou os atos violentos, embora tenha sido um crítico dos protestos violentos.

Ele também se queixa de como as investigações têm sido conduzidas. De acordo com Bolsonaro, as provas contra ele são baseadas em delações premiadas, cujas versões teriam mudado ao longo do tempo. O ex-presidente acusa a Justiça de cercear sua defesa, alegando que teve pouco tempo para analisar mais de 1.200 páginas de documentos e evidências que foram apresentadas em segredo de Justiça.

Bolsonaro e o STF

A crítica à Alexandre de Moraes, relator do caso, é um dos pontos centrais da mensagem. Bolsonaro afirma que o ministro atua simultaneamente como vítima, investigador e julgador, o que ele considera uma “jabuticaba judicial”. Além disso, o ex-presidente questiona o processo de investigação, mencionando o tratamento dado a seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, que teria sido coagido a fazer delações.

Bolsonaro também afirma que o processo contra ele tem o objetivo de impedi-lo de se candidatar nas eleições de 2026. Ele diz que a acusação de tentativa de golpe é infundada, já que ele sempre respeitou a Constituição e não houve, em seu governo, nenhum episódio de violência política significativa.

Leia o texto na íntegra:

Jair Bolsonaro e seu julgamento.
Leia, peço divulgar. Obrigado.

1. Trata-se da maior perseguição político-judicial da história do Brasil, motivada por inconfessáveis desejos, por vaidades e por claros interesses políticos de impedir que eu participe e ganhe a eleição presidencial de 2026.

2. Jamais um ex-presidente da República do País teve sua vida pessoal, financeira e política devassada de maneira vil e implacável como acontece comigo – sem encontrar uma única prova de qualquer ato ilícito de minha parte. Na devassa pessoal, fiscal e financeira não encontraram um único vestígio, mínimo que fosse, de corrupção.

3. Minha família foi perseguida, investigada e tripudiada nos meios de comunicação, sem dó nem piedade. Hoje tenho um filho que é obrigado morar nos EUA tal o nível de perseguição que ele sofre. Somente a fé em Deus e o apoio da família e dos amigos é que mantiverem de pé.

4. Me acusam de um crime que jamais cometi – uma suposta tentativa de golpe de Estado. Conversei com auxiliares alternativas políticas para a Nação, mas nunca desejei ou levantei a possibilidade da ruptura democrática. As mudanças nos comandos das Forças Armadas foram feitas sem problemas. Sempre agi nas quatros linhas da Constituição. Sempre!

5. Me afastei do País após a eleição porque entendi que seria o melhor para todos, inclusive para o candidato adversário. Não estava aqui no 8 de janeiro de 2023 e, no mesmo dia à noite, postei uma mensagem repudiando os atos violentos cometidos por aqueles que exerceram o direito legitimo de protestar, sem violência, como foi o caso da maioria dos manifestantes.

6. Todo o processo Jurídico contra mim é uma aberração jamais vista! Investigações demoram seis anos, sem prazo de previsão de término. Pessoas são presas e coagidas a fazer delação premiada para salvar suas famílias. As defesas são cerceadas, as investigações correm em segredo de Justiça e realizadas prisões arbitrárias.

7. A avaliação de uma denúncia contra um ex-presidente da República é feita por uma Turma do Supremo Tribunal Federal e não pelo plenário da Corte. Na banca de julgadores, dois conhecidos desafetos meus e um terceiro elemento que foi advogado do meu adversário eleitoral em 2022!

8. O relator do processo é, ao mesmo tempo, vítima, investigador e julgador de sua própria causa – outra aberração, uma verdadeira “jabuticaba judicial”, impensável e inimaginável em verdadeiras democracias e num pleno Estado Democrático de Direito.

9. As ditas “provas” de acusação se baseiam numa única delação premiada! Na verdade, em onze versões de uma única delação premiada, que foi modificada ao longo dos anos por pressão dos inquisidores e suas permanentes ameaças à integridade física, moral e familiar do delator.

10. Registro que desde a primeira versão da delação, os investigadores, o magistrado e a PGR a consideraram como “A VERDADEIRA”, “A INQUESTIONÁVEL” para a comprovação dos supostos “crimes cometidos”, status que mudava a cada novo depoimento corretivo. Qual seria, então, a verdadeira delação? A primeira? A última? Todas ou nenhuma delas?

11. Houve um total cerceamento da defesa! Soubemos das onze versões da delação premiada pelo seletivo vazamento da imprensa. As investigações ocorreram em segredo de Justiça e quando os documentos delas foram apresentados à defesa não houve acesso integral as mídias que as compunham.

12. O pequeno prazo para a defesa analisar mais de 1.200 páginas é uma afronta ao direito de defesa! A estratégia da acusação foi a de encaminhar um calhamaço de informações, com pouco prazo para análise das “provas”, que estão incompletas. A celeridade do processo, uma vergonha, como tem mostrado a mídia.

E é a isso que chamam de Justiça?

13. Não estava em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023, não foi encontrada nenhuma referência em meus celulares sobre a organização da manifestação e mesmo assim querem, injustamente, me vincular aos atos daquele dia, que teriam a intenção de “depor” um governo eleito.

14. Me acusam disso, mas não promoveram nenhuma investigação mais profunda sobre a postura do general Gonçalves Dias, ministro-chefe do GSI do novo governo, homem de confiança do presidente recém-empossado, filmado indicando a saída dos invasores do Palácio do Planalto, conivente com os “atos de vandalismo” no local.

15. Sou acusado ainda de promover uma tentativa de “golpe de Estado” sem qualquer prova. Durante os quatro anos do meu governo foram realizadas duas eleições com milhares de candidatos, mais de três dezenas de partidos de diversas matizes sem um único incidente grave! Todos os eleitos tomaram posse.

16. A democracia prevaleceu! Não houve golpe de Estado, o candidato adversário tomou posse, sai do País, não estava aqui no dia 8/1 e mesmo assim tentam me condenar. Sabem que se eu disputar a eleição presidencial de 2026 serei vitorioso e colocarei, novamente, o Brasil no rumo certo.

Confio na Justiça!

Entenda o caso

Entenda a disputa judicial de Bolsonaro: O ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo julgado no STF por sua possível participação em tentativas de desestabilizar o governo eleito em 2022, no episódio de 8 de janeiro de 2023. Ele enfrenta acusações de envolvimento em atos golpistas e de incitação à violência política. Bolsonaro, por sua vez, afirma que é alvo de uma perseguição judicial sem provas concretas.

Principais pontos abordados na mensagem de Bolsonaro:

  • Bolsonaro considera-se vítima de uma “perseguição política” sem precedentes.
  • Ele nega qualquer tentativa de golpe de Estado e reafirma que sempre agiu dentro dos limites da Constituição.
  • O ex-presidente critica o papel de Alexandre de Moraes no julgamento e a condução das investigações, que considera injusta.
  • A mensagem foi enviada a apoiadores antes do julgamento, no qual ele se tornou réu, junto a sete aliados, no Supremo Tribunal Federal.
  • Ele também se queixa da delação de Mauro Cid e dos vazamentos à imprensa.

Redacao

Equipe de jornalistas do Jornal DC - Diário Carioca

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