EUA ameaçam Moraes com nova sanção de Trump

Nova doutrina da extrema-direita americana mira Alexandre de Moraes e escancara interferência nos rumos da democracia brasileira

JR Vital
por
JR Vital
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por...
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Foto: Antonio Augusto/STF

Brasília – Em mais um ato de provocação orquestrado pela extrema-direita internacional, o governo Trump anunciou uma política de sanção contra autoridades estrangeiras acusadas de “censura” a cidadãos ou empresas americanas — e o alvo, embora não citado nominalmente, parece óbvio: Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil.

O recado foi dado pelo novo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que ocupa o cargo após a volta do trumpismo à Casa Branca. Ele avisou que os Estados Unidos passarão a restringir vistos e aplicar punições econômicas a funcionários públicos estrangeiros envolvidos em ações que “minem a liberdade de expressão” de cidadãos norte-americanos.

A ameaça chega uma semana depois de Rubio declarar que havia “grande possibilidade” de sanções diretas contra Moraes, em resposta a decisões judiciais do ministro contra figuras bolsonaristas, entre elas o blogueiro foragido Allan dos Santos e o próprio Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), que se recusa a cumprir ordens judiciais brasileiras.


Brasil na mira da doutrina Trump

Em sua fala, Rubio se referiu a autoridades da América Latina e Europa, mas diplomatas ouvidos pelo jornalista Jamil Chade, no UOL, confirmam: Moraes está no centro do radar trumpista.

Rubio foi ainda mais direto: “Os estrangeiros que trabalham para minar os direitos dos americanos não devem ter o privilégio de viajar para o nosso país.”

Nos bastidores, a articulação foi feita por Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se esconde nos EUA desde março. Ele atua como ponte entre o bolsonarismo e o Partido Republicano, liderado por Trump e seus seguidores ultradireitistas.


Lei Magnitsky: a bala de prata da direita global?

A ofensiva pode ganhar ares legais. Rubio avalia invocar a Lei Magnitsky, legislação usada para sancionar autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos.

Caso avance, Moraes não apenas perderia o visto americano, mas poderia ter suas contas congeladas em plataformas financeiras sediadas nos EUA e ficar impedido de negociar com empresas e cidadãos norte-americanos.

No centro do ataque, está a narrativa fajuta — reciclada da cartilha bolsonarista — de que Moraes atua como censor oficial da extrema-direita. As decisões do STF que tiraram do ar perfis criminosos e golpistas nas redes sociais são distorcidas por esse discurso, que transforma o combate à desinformação em perseguição política.


Defesa da soberania brasileira

A ameaça provocou reações em Brasília. Membros do Supremo e do governo Lula discutem a gravidade da escalada. A avaliação é unânime: trata-se de uma tentativa explícita de ingerência estrangeira nos rumos da democracia brasileira.

A retórica dos EUA sob Trump ignora que as ações de Moraes têm respaldo legal e institucional — inclusive da Constituição de 1988, que protege o Estado Democrático de Direito contra ameaças golpistas.

Mais do que um conflito diplomático, o episódio escancara a aliança entre o bolsonarismo e o trumpismo, uma cruzada autoritária que tenta internacionalizar sua guerra cultural. E que agora mira diretamente o Judiciário brasileiro, um dos últimos bastiões da resistência democrática.


O Carioca esclarece

Quem é Marco Rubio e por que ele ameaça Moraes?
Rubio é o secretário de Estado dos EUA no governo Trump. Ele anunciou sanções contra autoridades acusadas de censura, mirando o ministro Alexandre de Moraes após pressões da bancada bolsonarista exilada.

Quais as consequências se Moraes for sancionado?
Ele pode perder o visto americano, ter bens bloqueados e ser impedido de negociar com entidades americanas. A medida também fere a soberania brasileira.

O que é a Lei Magnitsky?
É uma lei americana que permite sanções contra estrangeiros por corrupção ou violações de direitos humanos. Vem sendo usada como arma geopolítica por governos conservadores.

Como isso afeta a democracia brasileira?
Trata-se de uma ingerência externa que tenta intimidar a atuação legítima do Judiciário contra agentes que atentaram contra o Estado de Direito.


Seguir:
JR Vital é jornalista e editor do Diário Carioca. Formado no Rio de Janeiro, pela faculdade de jornalismo Pinheiro Guimarães, atua desde 2007, tendo passado por grandes redações.