Brasília, 14 de julho de 2025 — Diante da ofensiva tarifária de Donald Trump contra o Brasil, o governo Lula e o Centrão selaram um armistício político que fragiliza o bolsonarismo no Congresso e reposiciona a pauta econômica nacional.
Alinhamento estratégico isola bolsonarismo entreguista
O presidente Lula e lideranças do Centrão abandonaram, ao menos temporariamente, os atritos internos para defender a economia brasileira diante da ameaça tarifária imposta por Donald Trump, prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto. A movimentação expôs o esvaziamento do discurso bolsonarista, que insiste na anistia como moeda de troca com os EUA, ecoando um entreguismo que já não encontra respaldo nem entre setores conservadores.
Renan Calheiros (MDB-AL) foi direto ao diagnosticar a inflexão no cenário político: “Já ampliou o leque de apoio ao governo, aproxima setores econômicos refratários, desgasta, como nunca, o bolsonarismo e refaz a relação harmoniosa entre Poderes”. É um movimento que, apesar de ainda frágil, recoloca o Planalto na condução de uma frente ampla pela soberania nacional.
Centrão se aproxima, mas cobra pragmatismo
Apesar do recuo tático, nomes influentes do PP, MDB, União Brasil e PSDB sinalizam que o apoio ao governo é condicionado a resultados concretos. O líder do PSD no Senado, Otto Alencar, foi incisivo ao criticar os bolsonaristas: “O que me chama atenção é essa capacidade de entreguismo. Eles colocam o boné do Trump e, ao mesmo tempo, se enrolam na bandeira do Brasil. É a definição de oportunismo”.
A convergência contra Trump, portanto, não é fruto de afinidade ideológica, mas de uma leitura política objetiva: os Estados Unidos de Trump não oferecem parceria, apenas subordinação.
IOF, PECs e ambientalismo sob ataque
A crise entre Executivo e Congresso ganhou corpo com o aumento do IOF determinado por Fernando Haddad sem aviso prévio ao Legislativo. A retaliação veio rápida: o decreto foi derrubado. O episódio expôs a fragilidade do diálogo institucional e abriu espaço para que Alexandre de Moraes, ministro do STF, atuasse como mediador.
Enquanto isso, o avanço da pauta ruralista no Congresso ameaça a política ambiental do governo. O projeto de flexibilização do licenciamento ambiental deve ser aprovado nos próximos dias, representando uma derrota direta para Marina Silva e sua equipe. Nos bastidores, ministérios da infraestrutura veem a medida como instrumento para acelerar obras paradas — ainda que à custa de retrocessos socioambientais.
Renúncia fiscal bilionária avança com resistência velada
Outro ponto de atrito se desenha com a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. A medida, popular e de forte apelo social, esbarra na resistência velada de Arthur Lira, relator do projeto, que calcula uma renúncia fiscal de R$ 27 bilhões. Ainda assim, a pressão social e a necessidade de recompor a base de apoio parlamentar devem garantir a tramitação nas comissões.
Trump como catalisador de uma realinhamento interno
A ameaça de um tarifaço vinda dos EUA, sob o segundo governo Trump, teve o efeito colateral de forçar o Brasil a encarar sua própria soberania econômica — e quem, de fato, está disposto a defendê-la. O bolsonarismo, ao se mostrar mais leal a Washington do que ao próprio país, cavou sua marginalização política. A aliança entre Lula e Centrão, embora tática e provisória, nasce do instinto de sobrevivência institucional.
Perguntas e Respostas
Quem está por trás da ofensiva tarifária contra o Brasil?
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025.
Qual foi a reação do governo Lula?
O Planalto articulou uma frente com o Centrão para enfrentar a medida e evitar danos à economia.
Por que os bolsonaristas ficaram isolados?
Eles seguem defendendo anistia aos golpistas de 8/1 como moeda de troca com os EUA, postura vista como subserviente.
O aumento do IOF foi mantido?
Não. A medida de Haddad foi derrubada pelo Congresso, aprofundando o atrito entre Executivo e Legislativo.
A isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil será aprovada?
Avança nas comissões, mas há preocupação com a perda de receita estimada em R$ 27 bilhões.