"Ser tratado diferente pelo tom da sua cor choca", dizem imigrantes africanos ao Papo na Laje

               “Angola e Brasil têm uma relação extremamente forte. São países de culturas mistas e muito iguais. Imigrar é se posicionar no país e achar sua nova casa, foi isso que vim buscar e encontrei aqui”. O relato da atriz e trancista Maria Tuvesse abre o episódio desta quinta-feira (31) do programa Papo na Laje sobre ser imigrante africano no Brasil.
Acompanhada da família, ela migrou de Angola com o objetivo de concluir os estudos quanto tinha apenas 14 anos. Maria conta que na adolescência enfrentou diferenças culturais já na escola, como a linguagem ou ser a única aluna de trança. Com a idade, a percepção sobre o racismo no país ficou mais evidente.
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"Quando a gente vem para cá, não imagina a barreira da cor da pele. Claro que é normal encontrar diferenças em outro país. Mas pelo tom da sua cor você ser tratado diferente, isso realmente choca. Há uma certa diferença entre o negro brasileiro e o africano. Acompanhamos o caso do meu amigo Moïse, vivemos isso no dia a dia", afirma a jovem de 23 anos.
Para Lamo Mohamed, competidor de MMA, a viagem da República da Guiné até Salvador foi escondido em um navio cargueiro. Aos 27 anos, ele observa como o racismo está presente até nos comentários sobre a performance dos atletas. No programa, eles relembram a chegada no Brasil e também falam sobre a cultura africana e sonhos para o futuro.
"Como africano, uma das coisas que mais me afetou é que só mencionam nossa força e resistência. Em todas as minhas lutas era isso que ouvia. Em nenhum momento menciona técnica e inteligência. O africano foi escravizado por esse ditado, eles são fortes, resistentes, eles aguentam. Quando eu converso com outros jovens africanos é o que a gente entende. Nós somos inteligentes, técnicos também. A minha evolução no boxe não é só força”, disse Mohamed.
O Papo na Laje é um programa sobre experiências de protagonismo da juventude das favelas e periferias do Rio de Janeiro. Toda quinta-feira um episódio inédito vai ao ar, às 18h, no YouTube e na TV Comunitária do Rio de Janeiro, com transmissão no canal 6 da NET.
Assista no YouTube, às 18h:
                    Edição: Clívia Mesquita