O novo Mapa Histórico dos Grupos Armados do Rio de Janeiro, elaborado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) em parceria com o Instituto Fogo Cruzado (IFC), mostra uma profunda reorganização do controle territorial pelo crime organizado.
Segundo o levantamento divulgado nesta quinta-feira (4) pelo g1, cerca de 4 milhões de moradores da Região Metropolitana vivem sob domínio ou influência de facções criminosas.
O estudo abrange o período de 2007 a 2024, com base em mais de 700 mil denúncias, verificação jornalística e modelos estatísticos. O relatório destaca três tendências centrais:
- Comando Vermelho amplia seu domínio populacional;
- Milícias registram retração após anos de expansão;
- Terceiro Comando Puro (TCP) consolida-se como terceira força armada do estado.
Avanço do Comando Vermelho
O CV lidera o controle da população fluminense. Em 2024, a facção mantinha:
- 1,6 milhão de pessoas sob controle direto (47,2% do total controlado);
- 1,7 milhão sob controle ou influência (44,7%);
- 150 km² de área sob domínio estabilizado (47,5% da extensão controlada).
Entre 2007 e 2024, o controle populacional do CV cresceu 30,9%, impulsionado pela tomada de territórios antes dominados por rivais, como Rocinha e Vidigal, conquistados em 2018.
Enfraquecimento das milícias
Apesar de ainda concentrarem a maior área territorial — 201 km², quase metade do total dominado por grupos armados — as milícias estão em retração desde 2020.
O modelo de expansão, baseado na colonização de áreas pouco urbanizadas, perdeu força diante de operações do Ministério Público e crises internas. A morte do miliciano Ecko, em 2021, e a prisão de seu irmão e sucessor Zinho, em 2023, foram golpes centrais à estrutura paramilitar.
Com o enfraquecimento desses grupos, áreas como a Grande Jacarepaguá passaram a ser alvo do avanço do CV.
TCP se firma como terceira força
O Terceiro Comando Puro (TCP) mantém menor presença territorial, mas amplia atuação em zonas de disputa, especialmente na Zona Norte e na Baixada Fluminense. Em 2024, respondia por:
- 11,28% da população sob controle ou influência;
- 7,8% da área dominada.
Assim como o CV, o TCP cresce por meio de conquistas, aumentando confrontos armados.
Impactos na vida cotidiana
A mudança do padrão de expansão — da colonização para a conquista — intensifica conflitos e interrompe constantemente a rotina dos moradores. Zona Norte, Jacarepaguá e partes da Baixada registram episódios quase diários de violência.
